O novo governo enviou à Petrobras uma lista contendo oito indicações de nomes para o conselho de administração da estatal, principal instância decisória da empresa. A Petrobras confirmou o recebimento da lista na terça-feira (28) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que fez campanha pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou os escolhidos.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, declarou que parte dos indicados é “ligado ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”. Podem, portanto, impor “obstáculos para o cumprimento do programa de governo do presidente Lula, que inclui mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da Petrobras e fim das privatizações na companhia”.
Leia mais: Sob Bolsonaro, estatais abandonam função social e lucram alto com a crise econômica
Os nomes indicados são:
. Pietro Adamo Sampaio Mendes (para presidência do conselho)
. Jean Paul Terra Prates (atual presidente da Petrobras)
. Carlos Eduardo Turchetto Santos
. Vitor Eduardo de Almeida Saback
. Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira
. Wagner Granja Victer
. Sergio Machado Rezende
. Suzana Kahn Ribeiro
O que é o conselho?
As maiores decisões sobre os rumos da Petrobras são tomadas pelo conselho de administração da empresa. Ele é composto por 11 membros.
Atualmente, quatro deles são representantes dos acionistas minoritários da Petrobras – investidores que compraram ações da empresa; um membro representa os funcionários – a geóloga Ronsangela Buzanelli; outros seis são indicações do governo federal, o sócio-controlador.
::Preços da Petrobras passam por "calibragem" de nova política::
Segundo a FUP, quatro das oito indicações do governo são de nomes ligados ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG): Pietro Adamo Sampaio Mendes, Carlos Eduardo Turchetto Santos, Vitor Eduardo de Almeida Saback e Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira. São justamente esses nomes que desagradam a entidade sindical.
De acordo com a FUP:
. Pietro Mendes, por exemplo, é funcionário de carreira da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e foi secretário-adjunto do ex-ministro bolsonarista Adolfo Sachsida.
. Eduardo Turchetto, empresário do setor de açúcar e álcool, responde a processo relacionado à destruição de floresta, com corte de árvores no bioma da Mata Atlântica
. Vitor Sabak, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), onde está hoje por indicação do senador bolsonarista Rogério Marinho, foi assessor especial de Paulo Guedes e articulador da reforma da Previdência. Também trabalhou no governo de Michel Temer MDB)
. Eugênio Teixeira foi sócio do vice-governador de Minas Gerais e ex-senador Cléssio Andrade - vacinado contra covid-19 gratuitamente e às escondidas, numa garagem -, na empresa Aurium Trading Importação e Exportação S/A.
“O MME, de forma unilateral, elaborou sua lista de nomes para o CA [conselho de administração] da Petrobras sem discussão prévia”, complementou Bacelar.
Os nomes ainda vão passar por análise do comitê de pessoas da Petrobras. Depois disso, serão submetidos a votação em assembleia de acionistas marcada para abril.
Edição: Rodrigo Durão Coelho