Imagens de satélite revelam a força do temporal ocorrido na região de São Sebastião, litoral norte paulista, no dia 18 de fevereiro. A comparação entre registros feitos antes e depois do ocorrido mostram uma grande quantidade de deslizamentos das encostas.
O desastre causou a morte de 65 pessoas, sendo uma em Ubatuba e as outras em São Sebastião. Quase 2,5 mil pessoas foram desalojadas (que buscaram abrigo em lares de parentes ou amigos) ou se viram desabrigadas. A imensa maioria das vítimas é composta de trabalhadores que vivem na região.
As imagens abaixo podem ser vistas em um aplicativo desenvolvido pela geógrafa e pesquisadora brasileira Jéssica Uchôa.
I've just updated my application with the new #Sentinel2 image (February 25). The amount of #landslides in São Paulo (#Brazil 🇧🇷) is impressive! ⚠️⛈️
— Jéssica Uchôa 🇧🇷🛰️ (@JessicaUchoa_) February 26, 2023
🔗 Access the app: https://t.co/x8yiuCThlF https://t.co/vx7xLmgNvz pic.twitter.com/GEutNcTJmS
A pesquisadora capixaba atualmente é bolsista mestre do projeto europeu H2020 MaCoBioS, na Universidade dos Açores, em Portugal. Ela diz que o aplicativo que desenvolveu "tem a proposta de democratizar o conhecimento e dar dimensão das alterações no solo após o evento extremo que ocorreu no litoral Norte de São Paulo".
"As imagens de satélite atualmente são um importante auxílio na tomada de decisão, pois possibilitam mapear grandes áreas quase que em tempo real e permite inventariar cicatrizes de deslizamentos de terra."
"Com o passar do tempo essas cicatrizes podem ser mascaradas pela regeneração da vegetação, assim, essas imagens de satélite viabiliza ter um retrato do cenário atual e que podem ser utilizadas posteriormente para o Plano Diretor Municipal (PDM), por exemplo, evitando que novas habitações sejam construídas em áreas de risco", explica.
Uchôa diz que a tragédia no litoral paulista ressalta "a necessidade de preservação de vegetação nativa, e evidencia a importância de se associar ciência e políticas públicas, possibilitando que a população mais carente não necessite ocupar áreas de risco, quer por conhecer os riscos, quer por essa não ser a única via possível de acesso à moradia".
Edição: Thalita Pires