O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) considera que o processo de terceirização irrestrita da mão de obra pode ser um fator que favorece o surgimento de casos de trabalho análogo à escravidão, como o descoberto recentemente no Rio Grande do Sul.
Ele falou com o Brasil de Fato sobre o conteúdo da nota do Centro da Indústria e Serviços de Bento Gonçalves, após a divulgação do resgaste de 200 trabalhadores submetidos a situações degradantes nas vinícolas da Serra Gaúcha.
No texto, a entidade tenta defender as empresas e diz que o problema ocorre "por falta de mão de obra". Culpa também "um sistema assistencialista que nada tem de salutar" pela ocorrência de trabalho escravo.
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Para o deputado, é evidente que existe uma relação desse caso com a recente precarização das leis trabalhistas no país
"É típico do pensamento desse empresariado que considera que tem o direito de explorar a mão de obra em nível máximo. Isso tem uma relação direta com a desestruturação dos direitos trabalhistas. A terceirização irrestrita fortaleceu essa lógica de pessoas contratadas para contratar terceiros", analisou.
Sobre o conteúdo da nota, ele analisou que o texto corresponde a um pensamento preponderante na Serra Gaúcha, local em que o bolsonarismo foi bem votado nas eleições presidenciais. Segundo o deputado, as ideias de extrema-direita têm forte adesão entre os representantes da região no parlamento estadual.
"88% dos casos de trabalho escravo no Rio Grande do Sul vem da Serra. Existe uma fascistização e nós precisamos desfascistizar a Serra Gaúcha. Porque não é possível que 88% dos casos se concentrem na região e não tenha uma correlação com a política local", contou.
As declarações do deputado foram ao ar no programa Central do Brasil desta quarta-feira (1º). Ele relatou a situação em que os trabalhadores foram submetidos pelas empresas e como ocorreu o resgate.
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Radde também fala das iniciativas do legislativo estadual para investigar as denúncias de que policiais militares participavam e acobertavam os casos de tortura contra os trabalhadores em situação análoga à escravidão. A denúncia também está sendo investigada pela Corregedoria da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.
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O programa Central do Brasil é uma produção do jornal Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, às 12h30, pela Rede TVT e por emissoras públicas parceiras.
Edição: Thalita Pires
