O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul promovem a exposição "Arpilleras bordando a resistência”, de 6 a 10 de março, em Porto Alegre. O evento é uma proposição do deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) para a abertura da Semana da Mulher.
A mostra traz um conjunto de 14 telas de tecidos (arpilleras), peças únicas costuradas por muitas mãos de mulheres atingidas por barragens. Cada peça apresenta, de maneira artística, criativa e contundente, o testemunho das violações de direitos sofridas por mulheres nas barragens que sangram rios e pessoas de norte a sul do país.
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"Através da confecção das arpilleras, com linha e tecidos, as atingidas conseguem expressar aquilo que muitas vezes as palavras não conseguem dizer. E fazer a exposição na semana do Dia Internacional de Luta das Mulheres é muito importante para nós, porque as arpilleras não carregam só um sentido de denúncia, são também uma semente de organização das mulheres", afirma Alexania Rossato, do Coletivo de Mulheres do MAB.
Depois da exposição na Assembleia Legislativa, as peças serão expostas na Casa de Cultura Mario Quintana, com abertura prevista para o dia 16 de março. Lá, além da exposição, as atingidas por barragens também ministrarão oficinas e rodas de conversa onde ensinarão a técnica de confecção das arpilleras ao público interessado.
A costura, como ferramenta de denúncia e empoderamento feminino, serviu também como fio narrativo para a construção do documentário intitulado "Arpilleras: atingidas por barragens, bordando a resistência", que conta as histórias de dez mulheres atingidas por barragens de cinco regiões do Brasil.
Técnica originária do Chile
Arpillera (juta, em espanhol) é uma técnica originária do Chile, na qual se costuram retalhos de tecido sobre juta. Naquele país, as mulheres utilizaram essa ferramenta especialmente entre as décadas de 1970 e 1990 para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Augusto Pinochet.
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Costurando denúncias sobre a ditadura e memórias dos desaparecidos durante o regime, ao fazer as arpilleras, as mulheres chilenas conseguiram fortalecer o movimento de resistência e dar visibilidade nacional e internacional às violências sofridas no país.
É com esse sentido que mulheres atingidas por barragens no Brasil e integrantes do MAB resgataram a técnica, visando de forma artística denunciar violações ambientais, sociais e culturais que as atingem em consequência do modelo energético atualmente adotado no país.
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko