LUTA PELA TERRA

Dirigentes da FNL são presos no interior de São Paulo

José Rainha e Luciano de Lima são acusados pela polícia de extorsão; movimento diz que prisão é retaliação política

Brasil de Fato | Recife (PE) |
José Rainha, um dos dirigentes da FNL presos neste sábado (04) - Reprodução Redes Sociais/FLN

José Rainha e Luciano de Lima, dirigentes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), foram presos pela Polícia Civil, neste sábado(04), em Mirante do Paranapanema, no interior de São Paulo. Eles são acusados de extorquir proprietários rurais da região. 

Segundo a polícia, os dois dirigentes estavam à frente da extorsão de pelo menos seis proprietários e exigiam vantagens financeiras. 

“As prisões preventivas têm como objetivo a interrupção do ciclo delitivo e promoção de prevenção geral e paz no campo”, diz a nota da Polícia de São Paulo. 

O movimento, por outro lado, diz que a prisão tem cunho político e é uma retaliação às atividades do Carnaval Vermelho, lideradas pela FNL e que, em fevereiro, promoveram a ocupação de diversas áreas na região do Pontal do Paranapanema.

“Essa prisão de cunho político tem nítida relação com a jornada de ocupações do Carnaval Vermelho, sendo um ato de retaliação aos lutadores do povo sem terra. A FNL ganhou força nos últimos anos ao realizar jornadas de luta no carnaval. Não tardou e veio a retaliação ao líder José Rainha, que desde 1977 não faz outra coisa a não ser lutar por terra para e com os mais pobres”, diz comunicado da FNL. 

:: Da grilagem à reforma agrária: Pontal do Paranapanema (SP) conta a história do Brasil ::

A Polícia Civil de São Paulo, por sua vez, afirma que a prisão não tem relação com as ocupações realizadas no período do carnaval. 

“É importante ressaltar que em nada se confundem com os atos decorrentes do Carnaval de 2023, quando um grupo invadiu nove propriedades rurais, mas sim visa a apuração do ciclo de violência decorrentes de extorsões e dos disparos de arma de fogo”, diz trecho da nota da polícia. 

Ao portal G1, a defesa informou que entrará com recurso e trabalhar pela liberdade dos dirigentes. 

"A defesa postulou pela revogação de ambas as prisões, posto que os advogados ainda não obtiveram acesso aos autos do inquérito; além de que os dois acusados nunca foram intimados a depor no âmbito do inquérito policial em andamento, não tratam de cidadãos reincidentes e não integram organização criminosa."

Para a FNL, a prisão dos dirigentes tem relação com a força do agronegócio da região e pode representar uma espécie de retaliação ao movimento.

“José Rainha tem o direito de responder à acusação que for, em liberdade, não há fundamento para uma prisão como essa a não ser a ira política do agro, que não tolera que seus desmandos sejam revelados”, argumenta o movimento. 

Carnaval Vermelho 

O movimento Carnaval Vermelho, organizado pela Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, tem o objetivo de conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância da reforma agrária. Uma das frentes de ações é a ocupação de terras. 

“O objetivo do Carnaval Vermelho é trazer para a discussão a contradição de sermos um dos países que mais produz alimentos no mundo, porém temos mais de 125 milhões de brasileiros com alguma insegurança alimentar. A FNL vem denunciando essa contradição de forma contundente, são milhares de sem tetos e sem terras indo morar em ocupações promovidas pela FNL, seja no campo ou na cidade”, diz um trecho do comunicado da entidade. 

No dia 18 de fevereiro, três ocupações do movimento foram atacadas a tiros. Segundo assessoria da FLN, os acampamentos foram cercados por jagunços, ameaçando as famílias das ocupações com armas de fogo. 

:: Ocupações do 'Carnaval Vermelho' são atacadas no interior de SP ::

Edição: Vivian Virissimo