Governo articulou volta do imposto para gasolina, um valor menor para etanol e isenções para diesel
Comandar um governo de frente ampla, que vai da esquerda até setores ligados à direita, no Brasil, não é tarefa fácil. Esse é um dos dilemas que atravessam a gestão do presidente Lula (PT).
Ainda durante a campanha, Lula prometeu fazer uma revisão da política de preços da Petrobras. A empresa adota o pareamento entre o preço do petróleo internacional e o nacional. O repasse ao mercado brasileiro sempre sai mais caro para o bolso do consumidor.
Mas há dificuldades, inclusive para compor os quadros da empresa. Jean Paul Prates foi nomeado presidente, mas o Conselho Administrativo ainda não foi trocado. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), apresentou uma série de nomes, mas todos ligados ao mercado.
Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato, com apresentação do jornalista Rodrigo Vianna.
Assista ao Tempero da Notícia:
Remendo
Enquanto não consegue mudar pontos estruturais da empresa, Lula precisa fazer reparos para evitar problemas. Como Bolsonaro havia retirado os impostos que incidem sobre o preço dos combustíveis, em uma manobra eleitoreira, ficou para a gestão do petista reequilibrar as contas públicas.
Para isso, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, articularam a volta do imposto - com valor mais baixo - para a gasolina, um valor ainda menor para o etanol e isenções até o fim do ano para o diesel e o gás de cozinha.
Panela de Pressão
Na Panela de Pressão desta semana estão os empresários de vinícolas da Serra Gaúcha, que mantinham funcionários em situação análoga à escravidão.
Vindos majoritariamente da Bahia, esses trabalhadores chegavam ao alojamento -- de péssimas condições -- com dívidas já contraídas com a empresa, além de serem obrigados a comprar comida em um armazém local, com preços exorbitantes.
Ainda recebiam choques, eram atacados com spray de pimenta e castigos físicos. Resultado é que muita gente já lançou boicote contra vinhos e sucos de uva produzido pelas vinícolas flagradas por trabalho escravo. Em nota, elas alegaram que terceirizavam o serviço de colheita da uva e não se atentaram a essas condições de trabalho.
A deputada estadual Marina do MST (PT-RJ), lembrou que é possível comprar suco de extrema qualidade, produzido por cooperativas da reforma agrária: "Que tal trocar os sucos Aurora, Salton e Garibaldi pelos nossos, da Monte Veneto, que não só não têm trabalho escravo, como já ganharam a medalha de ouro no Wine South America? Sucos de primeiríssima qualidade com gosto de reforma agrária e democracia", tuitou a deputada.
Cafezinho
No Cafezinho da semana, uma homenagem para as equipes do Ministério da Saúde e os técnicos do SUS (Sistema Único de Saúde), que lançaram a nova campanha de vacinação no Brasil.
Com o retorno do Zé Gotinha, ícone da vacinação infantil, o governo anunciou a vacina bivalente contra a covid-19 para idosos acima de 70 anos, gestantes, pessoas imunossuprimidas, indígenas e quilombolas.
Durante o evento, Lula foi vacinado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), uma cena de muito simbolismo e esperança, após anos de negação da ciência.
Onde assistir
O Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.
As edições também estão disponíveis nas plataformas de podcasts e podem ser escutadas no Deezer, Spotify, Google Podcasts, Itunes e Pocket Casts.
Edição: José Eduardo Bernardes