Mais de 2.000 abrigos destruídos e cerca de 12.000 pessoas prejudicadas — é o número preliminar de um grande incêndio no campo de refugiados Cox's Bazar Rohingya em Bangladesh, informado pelos meios de comunicação locais no domingo (5).
Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Bangladesh, o incêndio teve origem no Acampamento 11 em Kutupalong, considerado um dos maiores assentamentos de refugiados do mundo, mas foi controlado em poucas horas sem causar vítimas mortais.
Segundo o testemunho de Mijanur Rahman, comissário dos refugiados no país asiático, o incêndio destruiu ou danificou 2.000 abrigos, 90 instalações hospitalares e educativas e 35 mesquitas, deixando desamparados mais de 12.000 refugiados Rohingya que perderam todos os seus pertences.
As autoridades confessaram que os incêndios são muito frequentes nos acampamentos de refugiados lotados, compostos de construções precárias e condições básicas de vida, mas solicitaram uma investigação para conhecer as causas do acontecido, que ainda não foram determinadas.
Os números do ACNUR afirmam que o número de refugiados Rohingya em Bangladesh é de mais de um milhão, cuja maioria fugiu de Mianmar pela repressão militar no estado de Rakhine em 2017. A crise humanitária deste grupo étnico está longe de ser resolvida, especialmente após o golpe de Estado em 2021.
As tentativas de retorno dos refugiados aos seus territórios têm sido inúteis, associadas às péssimas condições de vida nos acampamentos, a sua incerta situação jurídica, ao descontentamento das populações autóctones e às dificuldades das autoridades da nação asiática para manter a assistência.
O relator da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Mianmar, Tom Andrews, denunciou os cortes nas rações alimentares do Programa Mundial de Alimentos, afetando um terço dos fornecimentos destinados aos Rohingyas, o que chamou de "mancha na consciência da comunidade internacional".
"Pude falar com famílias que estão desesperadas e para quem esta situação é uma questão de vida ou morte", disse o diplomata, que convidou os países da comunidade internacional a ajudar apara além da retórica, uma vez que é necessário um financiamento de 125 milhões de dólares para reverter a situação.
Selim Ullah, refugiado Rohingya de 40 anos e pai de seis filhos, disse que "tudo foi reduzido a cinzas". "Não consegui salvar nada. Muitos estão desalojados. Não sei o que vai acontecer. Quando estávamos em Mianmar, enfrentávamos muitos problemas. As nossas casas foram incendiadas. Agora voltou a acontecer", lamentou.
Traduzido por: Flávia Chacon