O Presidente de França, Emmanuel Macron, encerrou nesta segunda-feira (06/03) uma série de visitas que realizou a quatro países da África Ocidental. Foi a 18ª vez que o mandatário europeu realizou uma turnê pelo continente, mas terminou sendo também uma das mais marcada por críticas dos anfitriões.
Na reunião deste domingo (05/03), com o presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, Macron repetiu o discurso de que pretende diminuir a presença militar francesa no país e em todo o território africano, mas escutou seu homólogo se queixar de que essa promessa já havia sido feita em ocasiões anteriores e não foi cumprida.
Tshisekedi respondeu diretamente a Macron que “a forma como a Europa nos trata tem que mudar, e mais especificamente no caso da França, que precisa falar conosco sem esse tom paternalista e desrespeitoso. Você deve respeitar a África”.
Além de Tshisekedi, outras autoridades congolenses que participaram do encontro recordaram o visitante que a França é vista no país como um aliado de Ruanda, país que mantém não só importantes divergências políticas com Kinshasa como também um conflito armado que já dura décadas, na região da fronteira entre os dois países.
Antes disso, Macron havia visitado Brazzaville, capital da República do Congo, onde também ouviu as mesmas críticas de que a promessa de desmilitarização era uma repetição de uma oferta que já não havia sido realizada antes.
Também houve críticas contundentes nas duas primeiras paradas do presidente francês, no Gabão e em Angola. Em Libreville, o presidente gabonês Ali Bongo ironizou o fato de que as visitas dos mandatários franceses ao país só acontecem quando um país fora do eixo entre Estados Unidos e União Europeia tenta se aproximar das nações africanas. “Neste caso, vemos como as nossas conversas com Rússia, China e Turquia reavivaram esse interesse”, disse o mandatário.
Ainda assim, Macron assegurou que sua viagem também busca oferecer vantagens econômicas para os países da região. “Queremos mostrar aos africanos que seus países podem prosperar muito mais em acordos com as empresas francesas que com as da China ou da Rússia”, frisou.
Com respeito a crítica congolesa, o mandatário europeu preferiu um discurso de não confrontação, mas garantiu que a postura de Paris busca “tratar os países africanos como iguais”.
No entanto, ele não deixou de criticar países como o Mali e Burkina Faso, que ele considera que “se equivocam”, ao se aproximar de Moscou e de Pequim.