Feminismo

8M: embaixo de chuva, milhares se reúnem na av. Paulista no dia de luta das mulheres

Entre as pautas do ato, a defesa da vida das mulheres, o direito à terra e teto e o combate ao fascismo e ao racismo

Brasil de Fato | São Paulo (SP)* |
A manifestação começou às 17h e durou até 21h, finalizando na região central de São Paulo - Guiherme Gandolfi @guifrodu

A forte chuva que caiu no final da tarde na capital paulista não inibiu a presença de milhares de pessoas que foram na Av. Paulista para o ato do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, data que celebra a luta histórica das mulheres por igualdade de gênero. Convocado por movimentos populares, sindicais, feministas, de mulheres e partidos políticos, o protesto se concentrou no MASP às 17h e caminhou até o centro da cidade. 

As reivindicações mais presentes foram a proteção à vida das mulheres, a denúncia da fome, o combate ao fascismo, a defesa da democracia, a responsabilização dos envolvidos nos atos golpistas, a legalização do aborto e o direito à terra e moradia. 

“O 8 de Março é o primeiro ato do calendário de lutas do ano”, define Miriam Martins, do Movimento Brasil Popular de São Paulo. “Fazendo sol, fazendo chuva, as mulheres estão na rua novamente para dizer que daqui não sairemos e que iremos lutar contra o fascismo no Brasil”, afirma.  

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“As mulheres sustentam a vida”, dizia o cartaz de uma senhora. “Povo negro vivo”, lia-se no que outra mulher levantava, caminhando ao lado de uma jovem com a camiseta de Marielle Franco, cujo assassinato completa cinco anos no próximo dia 14.  

“Sou uma, mas não sou só” 

Em meio a batucadas e gritos de ordem, mulheres cantaram Povoada, da jovem compositora baiana Sued Nunes. Povoada, quem falou que eu ando só? Tenho em mim mais de muitas, sou uma, mas não sou só, diz um trecho da canção, lançada em versão de vídeo para o Julho das Pretas de 2021.  

Este é o primeiro 8 de Março desde que Bolsonaro (PL), alvo da mobilização de mulheres ao longo dos últimos quatro anos, perdeu a reeleição.

“A jornada de luta desse ano tem o tom de defesa da democracia, De fortalecer a luta das mulheres dentro de um cenário de mais vitórias para a classe trabalhadora, mas ainda assim, de enfrentamento ao bolsonarismo, que é financiado pelo agronegócio e pelo capitalismo no campo”, avalia Renata Menezes, da direção nacional do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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Não muito distante dali e enquanto manifestantes ainda começavam a se concentrar, cerca de 200 mulheres do MST fizeram um escracho na sede da empresa Salton, na av. Pacaembu. A vinícola é uma das três, junto com Aurora e Garibaldi, implicadas no caso de trabalho escravo no Rio Grande do Sul. A ação integra a jornada de luta das mulheres do movimento, que esse ano tem como eixo "O agronegócio lucra com a fome e a violência: por terra e democracia, mulheres em resistência". 

* Com colaboração de Guilherme Gandolfi

Edição: Rodrigo Durão Coelho