Após dias de intensas manifestações na Geórgia, a coalizão governista do país emitiu uma declaração conjunta anunciando a retirada do projeto de lei sobre "agentes estrangeiros". O projeto foi encarado por manifestantes como um protótipo de uma outra lei análoga na Rússia que é destinada a limitar a influência ocidental no país.
O texto prevê a elaboração de uma lista de empresas ou organizações que recebam 20% ou mais de investimento internacional. Essas instituições recebem o rótulo de "agentes estrangeiros".
"Vemos que o projeto de lei adotado causou polêmica na sociedade. A máquina de mentiras soube apresentar a proposta de forma negativa e enganar uma certa parte do público. O projeto foi denominado com um rótulo falso de 'lei russa' e sua adoção em primeira leitura foi apresentado à sociedade como um afastamento do curso europeu", diz o comunicado da coalizão do governo.
Na última terça-feira (7), as ruas da capital da Geórgia, Tbilisi, foram tomadas por protestos em massa contra a adoção da legislação sobre "agentes estrangeiros" pelo parlamento do país. Os manifestantes tentaram entrar no parlamento para interferir na votação dos deputados tendo a frase "Não à lei russa" como lema.
Os protestos foram duramente reprimidos pela polícia, que buscou dispersar os protestos com canhões de água e gás lacrimogêneo. De acordo com o Ministério de Assuntos Internos da Geórgia, 133 pessoas foram detidas sob acusação de vandalismo e desobediência à polícia. Outro manifestante foi detido sob a acusação criminal de agredir um policial, podendo pegar até sete anos de prisão.
Nesta quinta-feira (9), a coalizão governista anunciou que vai retirar o controverso projeto de lei devido a "diferenças na sociedade". A oposição exigiu explicações claras sobre como isso vai acontecer, já que, de acordo com as regras do parlamento, o projeto de lei aprovado em primeira leitura não pode ser retirado. Novos atos de protestos já foram convocados.
Edição: Patrícia de Matos