CENTRAL DO BRASIL

'Moralismo impede que redução de danos seja adotada pelo Estado', diz pesquisadora

A comunicadora Ana Luiza Uwai comenta detalhes de uma pesquisa sobre impacto da pandemia na Cracolândia

Brasil de Fato|Recife(PE) |
Ações desastrosas do poder público marcam os últimos anos na chamada "Cracolândia" - Rovena Rosa/Agência Brasil

Pesquisa produzida pelo Centro de Convivência É de Lei revela que a ação policial na região da Cracolândia, em São Paulo, se intensificou durante a pandemia da covid-19.

O estudo também observou que serviços como as comunidades terapêuticas, com forte influência religiosa, têm dificultado a adoção de técnicas de redução de danos. 

Para falar sobre os principais tópicos desta pesquisa, o Central do Brasil entrevistou a comunicadora e redutora de danos Ana Luiza Uwai. Ela falou sobre os diversos aspectos da pesquisa, em especial a força do "moralismo" como obstáculo para que o Estado adote a redução de danos como uma estratégia nos serviços de saúde e assistência social. 

"A gente tem uma política de droga que é apenas proibicionista. Esse proibicionismo e esse moralismo impedem que a redução de danos seja de fato efetiva. O Estado tem muita dificuldade de enfrentar isso", explicou. 

Para a pesquisadora, o crescente investimento nas comunidades terapêuticas revela a influência política do segmento religioso dentro do Estado. 

"Nos últimos anos, o investimento nas comunidades terapêuticas, que são ligadas muitas vezes a igrejas evangélicas, tem muito a ver com isso, até porque pessoas que estão na liderança destas comunidades também são pessoas que ocupam espaços de decisão dentro do governo"

Em contrapartida, a pesquisa captou que as pessoas que estão na Cracolândia preferem os serviços de redução de danos oferecidos por organizações não governamentais. Eles citam, entre outros motivos, a postura acolhedora e menos julgadora da equipe envolvida. 

"Falar 'não use drogas' é uma coisa que não tem funcionado. A abstinência como única estratégia não funciona e não vai funcionar", completou. 

Na entrevista, Ana Luiza também falou sobre o avanço da especulação imobiliária na região e como este movimento tem favorecido políticas higienistas.

A entrevista completa com a pesquisadora você acompanha na edição desta sexta-feira(10) do programa Central do Brasil. 

Assista agora ao programa completo



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O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e emissoras parceiras. 

Edição: Thalita Pires