As delegações do governo da Colômbia e do Exército de Libertação Nacional (ELN) encerraram nesta sexta-feira (10/03) o segundo ciclo de diálogos de paz, realizado no México, durante cerimônia da qual participou a vice-presidente colombiana Francia Márquez.
As partes envolvidas acordaram uma nova agenda para a paz na Colômbia, bem como acordos sobre os elementos iniciais para a participação da sociedade e, finalmente, acerca dos elementos iniciais para o cessar-fogo entre o governo e o ELN .
Em seguida, assinaram o "Acordo do México", passo que coube aos negociadores chefes das delegações governamentais, Otty Patiño, e do ELN, Pablo Beltrán.
Após a assinatura do acordo, Beltrán destacou que a busca pela paz foi "alimentada pela vontade de mudança da maioria e dos jovens, evidenciada durante a greve nacional de 2021".
Ele destacou que a agenda de diálogo entre as partes está "comprometida com os interesses dos milhões de vítimas do conflito armado e das maiorias populares". O representante do ELN também "exortou todos a buscar uma paz duradoura e participar do esforço nacional para ter um país onde o exílio causado por perseguições políticas e dificuldades econômicas cessem".
Tres acuerdos de la Mesa entre el Gobierno y el ELN:
— Iván Cepeda Castro (@IvanCepedaCast) March 10, 2023
1. La Nueva Agenda para la Paz de Colombia (Acuerdo de Mexico)
2. Acuerdo sobre elementos iniciales para la participación de la sociedad
3. Acuerdo sobre elementos iniciales para el cese al fuego entre el Gobierno y el ELN pic.twitter.com/BWLFNm4xmw
Beltrán manifestou o empenho do ELN em "ajudar a ultrapassar o conflito armado e contribuir para a transformação da sociedade, esforço em que convidou a empoderar as mulheres e a ouvir todas as vítimas para contribuir para a reconciliação".
Por sua vez, Patiño prometeu que a população, com a sua participação e iniciativa, dê o ritmo necessário às conversações de paz.
Explicou que perante o terceiro ciclo de diálogos, o "desafio será entrar em questões mais substantivas, construir uma paz piloto e aplicá-la em algum território, avançar no cessar-fogo bilateral e nacional, conseguir uma participação mais inclusiva e fortalecer o Estado social de direito"
Sobre o terceiro ciclo de negociações, Patiño lembrou que será realizado em Havana, capital cubana, e agradeceu o governo de Cuba por seu apoio invariável à paz na Colômbia por várias décadas.
A vice-presidente colombiana Márquez também saudou o gesto de Cuba, expressando "que o conflito armado destruiu a todos e, com certeza, não há outro caminho senão assumir o desejo de mudança e paz total promovido pelo governo do presidente Gustavo Petro".
Márquez afirmou que tais mudanças implicam destinar aos serviços de educação, saúde, alimentação, água e eletricidade e "criar infraestruturas para melhorar a vida os vultosos recursos que antes eram dedicados à guerra".
Também afirmou que o governo da Colômbia "saúda esta nova agenda de diálogo para resolver o confronto armado, avançar na implementação de um plano de assistência humanitária e transformar as estruturas que levaram o país a acreditar que a solução passava pelas armas".
Já o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, destacou que as negociações para encontrar a paz na Colômbia "apontam para a esperança e para o futuro".