O Ministério do Interior do Irã anunciou no sábado (11) ter prendido mais de 100 pessoas por suspeita de conexão com o envenenamento de centenas de alunas que têm acontecido em escolas de diversas regiões do país desde novembro. As autoridades afirmaram que o objetivo era "criar pessimismo" e um clima de "medo e horror" para levar ao fechamento de escolas.
"Inquéritos iniciais mostram que várias dessas pessoas, por maldade ou aventureirismo e com o objetivo de fechar as salas de aula pela influência de uma atmosfera psicológica criada, tomaram medidas como o uso de substâncias inofensivas e malcheirosas", informou o ministério do Interior em um comunicado divulgado pela agência oficial Irna.
A emissora DW publicou que a imprensa iraniana estima que existam mais de 2.500 casos de envenenamento em instituições de ensino e que pais e mães entrevistados pela publicação relatam medo de enviar suas filhas para as escolas.
Segundo as autoridades, seriam mais de 5.000 alunas afetadas em quase 230 escolas, em 25 das 31 províncias do país.
Ainda de acordo com as autoridades, a polícia pesquisa possíveis ligações com organizações terroristas e o número de envenenamentos está diminuindo.
Escolas femininas
Múltiplos registros de alunas internadas com problemas respiratórios, náuseas, tonturas e fadiga começaram a surgir no Irã em novembro de 2022.
Enquanto os casos aumentavam, a população protestou diante o que entendeu ser uma falta de atitude das autoridades. O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, ordenou que o Ministério do Interior investigasse os envenenamentos "o mais rápido possível" no dia 24 de fevereiro. Em 6 de março, o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou os envenenamentos de "crimes imperdoáveis".
"Ficou evidente que algumas pessoas desejavam que todas as escolas, especialmente as femininas, fossem fechadas", disse o vice-ministro da Saúde do Irã, Younes Panahi, em entrevista coletiva ainda em fevereiro, de acordo com a BBC.
Os primeiros casos de intoxicação foram registrados dois meses após o início dos protestos em todo o país pela morte de Mahsa Amini. A jovem de 22 anos faleceu sob custódia da polícia da moralidade em 16 de setembro, depois de ser presa por supostamente violar o código de vestimenta do país.
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Edição: Nicolau Soares