O vice-chanceler federal e ministro alemão da Economia e Proteção Climática, Robert Habeck, chegou neste domingo (12) ao Brasil, juntamente com o ministro alemão de Alimentação e Agricultura, Cem Özdemir.
A visita é acompanhada por uma delegação de empresários alemães e inclui a participação no 39° Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado em Belo Horizonte nesta segunda e terça-feira sob o lema "Novas abordagens sobre energia, clima e digitalização". Do Brasil, Habeck e Özdemir seguem para a Colômbia.
De acordo com o governo alemão, o objetivo da viagem é fortalecer e intensificar as relações econômicas e a cooperação na proteção climática com os dois países.
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Ofensiva alemã
A chegada da dupla ministerial dá sequência a uma ofensiva lançada por Berlim desde a mudança do governo brasileiro e após o distanciamento dos dois países nos últimos anos, sobretudo durante a gestão Bolsonaro.
A posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, contou com a presença do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. Nessas primeiras semanas deste terceiro mandato de Lula, o Brasil já foi palco da visita não só do chefe de governo alemão, Olaf Scholz, como das ministras alemãs do Meio Ambiente, Steffi Lemke, e da Cooperação Econômica, Svenja Schulze.
A delegação econômica alemã que acompanha a visita é formada por representantes de cerca de uma dúzia de empresas de vários setores, com os focos bioeconomia, energia, tecnologia e digitalização.
Em Brasília, estão agendadas reuniões com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin; o chanceler Mauro Vieira; a ministra do Meio Ambiente e Clima, Marina Silva; e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Perto de Manaus, Habeck visitará um projeto que trabalha para proteger as florestas, preservar a biodiversidade e melhorar a qualidade de vida das comunidades ribeirinhas amazônicas.
Acordo UE-Mercosul
Antes de embarcar rumo ao Brasil, Habeck ressaltou que um dos focos de sua visita é promover o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. O ministro avalia que agora, sob o governo Lula, existe a esperança de que o acordo entre os dois blocos seja finalmente destravado. "Na verdade, ele já está negociado, mas ainda há dúvidas de ambos os lados", observou na noite de sábado, antes de entrar no avião juntamente com Cem Özdemir. Ambos integram o Partido Verde, a segunda maior legenda da coalizão governista da Alemanha.
Se for adiante, o acordo deve criar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, com mais de 700 milhões de pessoas. Após assinatura, o pacto não entrou em vigor, principalmente devido à postura da gestão de Jair Bolsonaro em relação à proteção ambiental.
"Queremos um sinal poderoso de que a Alemanha deseja uma parceria entre iguais", disse o ministro da Agricultura, Özdemir. Ele chamou o Brasil e a Colômbia, segundo destino da turnê sul-americana, de "parceiros ideais" para combinar proteção climática e prosperidade.
Energia renovável
Habeck enfatizou que os novos governos do presidente brasileiro, Lula, e do presidente colombiano, Gustavo Petro, "estão comprometidos em enfrentar a crise climática e o desmatamento ilegal e estão avançando consistentemente na descarbonização", frisou. "Queremos usar esse momento para enfrentar os desafios globais juntos como democracias e construir cadeias de valor verdes em todo o Atlântico para mais prosperidade e proteção climática."
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Habeck sublinhou que tanto Brasil como a Colômbia, "com seu potencial para energias renováveis e depósitos significativos de matérias-primas, desempenham um papel fundamental na proteção do clima global e na conversão de nossas economias para modelos verdes e sustentáveis".
Brasil ganha importância
O influente jornal alemão de economia Handelsblatt avalia que o Brasil e a América do Sul em geral cresceram em importância diante de um cenário internacional dominado pela guerra na Ucrânia e as tensões entre os EUA e a China.
"Não só porque a América do Sul produz energia sustentável, mas também como alimentos e matérias-primas de que a Alemanha precisa com urgência", afirma o periódico. "A região também está se tornando significativamente mais importante como mercado: porque se os investimentos de empresas alemãs na China passarem a ser vistos de forma cada vez mais crítica e forem restringidos no futuro, a América Latina provavelmente será uma das beneficiadas", conclui.