O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), retornou ao cargo nesta quinta-feira (16), após afastamento de dois meses autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de conduta dolosa e omissiva em relação aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Em seu primeiro dia após o afastamento, Ibaneis adotou um tom moderado e fez promessas que são levadas com desconfiança pelos movimentos sociais e parlamentares progressistas da Câmara Distrital.
"É importante dizer que esse afastamento que nós tivemos ao longo desse período foi necessário. Recebi o afastamento pelo ministro [Alexandre de Moraes, do STF] com todo respeito, paciência. Volto com coração limpo, cabeça tranquila", disse Ibaneis. O afastamento do governador do DF foi decidido inicialmente por Moraes, mas depois referendado pelo plenário do STF. "Eu volto agora com muita paz no coração e com vontade de realizar cada vez mais pelo DF", prometeu.
Ibaneis disse que não teve contato com ninguém do governo durante o afastamento e agradeceu à sua vice, Celina Leão, que assumiu o cargo no período. A cientista política e professora da Universidade de Brasília (UNB), Michelle Fernandez, analisou que Celina se manteve próxima a Ibaneis e "não mudou o curso do governo de maneira brusca, não desfez projetos e políticas que vinham sendo implementadas".
Fernandez destaca ainda que "nada leva a crer que Ibaneis perdeu o capital político dele, com esse episódio". "É importante ressaltar que o eleitor dele não necessariamente condena os atos de 8 de janeiro", diz. Ela afirma também que apesar de sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Ibaneis deve tentar estabelecer uma "relação cortês", com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Expectativa dos movimentos é negativa
Para os movimentos sociais não há mudança significativa com o retorno de Ibaneis, uma vez que sua vice vinha desempenhando uma gestão parecida.
Para Adonilton Rodrigues, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no DF, Ibaneis não cumpriu com suas promessas no primeiro mandato de ajudar os mais pobres e ainda fortaleceu mais os ricos e negou diálogo com os movimentos sociais. "Ele voltando não tem muita expectativa positiva para o povo pobre e os movimentos sociais. A gente vai ter que ter muita luta pela frente pra avançar com a nossa pauta de reforma agrária", defendeu Rodrigues.
Na Câmara Distrital, os deputados progressistas que são oposição ao governo de Ibaneis Rocha fizeram questão de destacar o respeito a decisão do STF para o retorno do governador, mas garantiram que vão seguir cobrando. "Seguiremos cobrando todas as promessas que foram efetuadas e ainda não cumpridas", disse o distrital Max Maciel (PSOL).
Já Gabriel Magno (PT) afirmou que a minoria continuará cobrando do GDF aquilo que a população quer. "Não podemos confundir as coisas em relação ao retorno de Ibaneis. As investigações sobre 8 de janeiro devem continuar em todas as instância para apurarmos quem são os responsáveis", destacou o petista, prometendo seguir na cobrança para que não haja anistia.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino