Corrida armamentista

Erdogan abre caminho para liberar adesão da Finlândia à Otan

Presidente turco determinou ao Parlamento que vote sobre ingresso da Finlândia na aliança militar

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O presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente finlandês Sauli Niinisto em coletiva de imprensa - Adem Altan / AFP

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta sexta-feira (17/03) que a Turquia deve iniciar o processo de ratificação da candidatura de adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Parlamento turco.

Um dos argumentos de Erdogan para a decisão é que o país europeu tomou "medidas sinceras e concretas" em relação à residência de curdos e membros de outros movimentos opositores de Erdogan que fugiram da Turquia.

O presidente finlandês, Sauli Niinisto, esteve em Ancara nesta sexta para se encontrar com Erdogan, o que corroborou o avanço das negociações.

"Decidimos iniciar o protocolo de adesão da Finlândia à Otan em nosso Parlamento", disse Erdogan após o encontro.

Niinisto louvou a decisão: "Já havíamos compreendido que a Turquia já tinha decidido [sobre a adesão] e assiná-la hoje confirma que o Parlamento turco começa a analisar a ratificação da adesão da Finlândia."

Com a concordância de Erdogan, a candidatura da Finlândia deve ser votada no Parlamento turco, onde o partido do presidente e seus aliados têm maioria. A ratificação é esperada para ocorrer antes que a Turquia realize suas próximas eleições presidenciais e parlamentares, dia 14 de maio.

Para ingressar na Otan, a organização exige a aprovação unânime de seus 30 membros. Turquia e Hungria são os dois únicos países que ainda não fizeram isso para as candidaturas de Suécia e Finlândia.

Mate Kocsis, líder parlamentar húngaro do partido governista Fidesz, disse que o país votará pela ratificação da adesão da Finlândia à Otan no dia 27 de março, e que os governistas, que têm maioria, apoiarão a proposta de forma unânime.

Finlândia e Suécia solicitaram formalmente a adesão à Otan em 18 de maio de 2022, quase três meses depois do início da invasão russa da Ucrânia. A decisão encerrou décadas de neutralidade militar de ambos os países, que se mantiveram neutros durante todo o período da Guerra Fria.

Suécia ainda em discussão

Durante uma entrevista coletiva nesta sexta-feira em Ancara, Erdogan disse que a Turquia segue discutindo com a Suécia sobre questões relacionadas ao terrorismo, e que a proposta de adesão sueca depende diretamente de algumas medidas: a principal é a repatriação de 120 pessoas consideradas terroristas pelo governo turco.

Por isso, ao mesmo tempo em que saudou a decisão turca, Niinisto também expressou solidariedade à vizinha Suécia: "Tenho a sensação de que a adesão finlandesa não é completa sem a Suécia".

A Suécia, por sua vez, informou que lamenta que a Turquia não tenha optado por ratificar de imediato a adesão de ambas as nações nórdicas à Otan. O ministro do Exterior da Suécia, Tobias Billstrom, disse que se trata de uma questão de "quando" e não "se" o país vai aderir à organização.

"Este é um desdobramento que não queríamos, mas para o qual estávamos preparados", afirmou Billstrom.

O governo turco acusa a Suécia de ser muito branda com grupos que considera organizações terroristas, incluindo curdos. Dois protestos ocorridos na Suécia no final do ano passado, em particular, levaram a Turquia a ficar ainda mais reticente em relação à candidatura sueca: um envolveu ativistas curdos usando uma efígie de Erdogan, e outro, manifestantes de extrema direita que queimaram o Alcorão.

Chefe da Otan prega agilidade

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, saudou a decisão "de avançar com a ratificação da adesão da Finlândia à Otan", dizendo também que "isso fortalecerá a segurança de Finlândia, Suécia e [da própria] Otan".

Ele reiterou que a Suécia também deveria estar apta a aderir à organização "o mais rápido possível".

"O mais importante é que tanto a Finlândia quanto a Suécia se tornem membros plenos da Otan o mais rápido possível, mesmo que não seja exatamente ao mesmo tempo", afirmou Stoltenberg.