Os metroviários de São Paulo voltaram aos postos de trabalho, por volta das 10h da manhã desta quinta-feira (23), depois que o Metrô e o governo do estado aceitaram liberar as catracas para a população. A greve dos trabalhadores começou à meia-noite desta quinta-feira (23) nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata.
A proposta para que a população utilize o serviço gratuitamente foi feita pelos metroviários para não prejudicar os usuários e, paralelamente, pressionar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a aceitar as reivindicações da categoria. Segundo os metroviários, a catraca deve permanecer livre até o fim das negociações com o estado.
O Sindicato dos Metroviários cobra do Metrô, que pertence à estatal Companhia do Metropolitano de São Paulo, o pagamento do abono salarial, a revogação de demissões por aposentadoria e novas contratações.
Em nota enviada à imprensa, o Metrô informou que a situação econômica da estatal "não possibilita o pagamento de abono salarial neste momento". Também disse que "não há justificativa para que o Sindicato dos Metroviários declare greve reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa".
Contradição
A justificativa contrasta com os subsídios pagos pelo estado de São Paulo às concessionárias que operam outras linhas, como a ViaQuatro, responsável pela linha amarela do metrô. Desde o dia 1º de fevereiro, o subsídio pago em relação aos passageiros exclusivos é de R$ 6,3229. Já em relação aos passageiros integrados, o valor é de R$ 3,1615.
A quantia significa R$ 1,92 acima do que valor atual da tarifa pública, que é de R$ 4,40. Isso é possível porque o contrato entre a concessionária e o estado prevê reajuste anual do subsídio, que vem sendo superiores à inflação. Entre 2017 e 2021, a inflação registrada foi de cerca de 16%. A tarifa de remuneração da ViaQuatro, no entanto, foi de 30% nesse período.
Além disso, a concessionária tem prioridade no dia do recebimento dos valores, que saem de uma conta chamada Câmara de Compensação. Para esta conta vai a arrecadação de tarifas feita pelo Metrô, pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), pela ViaQuatro e pela ViaMobilidade.
Logo depois da ViaQuatro, a Via Mobilidade, que pertence ao mesmo grupo empresarial, a CCR, recebe os valores. CPTM e Metrô estatal são os últimos a receberem.
Isso gera o seguinte quadro: em cinco anos, o lucro da ViaQuatro aumentou cerca de 45%, saindo de R$ 375 milhões em 2015 para R$ 545 milhões em 2019. O número de passageiros, entretanto, cresceu somente 16,5%, no mesmo período. Por outro lado, entre 2011 e 2015, o governo de Geraldo Alckmin deixou de repassar R$ 1,1 bilhão ao Metrô estatal, operado pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (CMSP).
Edição: Rodrigo Chagas