Tidos inicialmente como a solução para diversos problemas de saúde, os edulcorantes estão na mira da OMS (Organização Mundial da Saúde) e algumas agências de vigilância de diferentes países.
Estudos iniciais apontavam o uso de edulcorante, conhecido popularmente por adoçante, como uma forma de combate à obesidade e ao diabetes tipo 2.
“O que parece é que a curto prazo há uma redução de calorias e perda de peso. Mas a longo prazo isso não se mantém, então aquela retórica de que a gente deveria substituir o açúcar por edulcorantes está em xeque”, afirma a nutricionista Bruna Hassen, especialista em saúde pública e consultora da ACT Promoção em Saúde, em entrevista ao programa Bem Viver desta quinta-feira (23).
Hassen teve acesso ao documento “Health effects of the use of non-sugar sweeteners”, elaborado pela OMS e que ainda não tem versão oficial para o português.
O dossiê, em uma tradução livre ao português, significa “Efeitos para saúde com o uso de edulcorantes não açucarados”.
“A OMS soltou este estudo que mostra que faltam evidências para sabermos se eles [edulcorantes] são seguros. Há uma preocupação de acúmulo de edulcorantes. Existe um limite máximo, mas não sabemos se as pessoas ultrapassam, ou não, pela falta de informações divulgadas pelas empresas nos rótulos dos produtos”, alerta Hassen.
Como resposta a este alerta, a especialista recomenda que os países, inclusive o Brasil, não esperem pela conclusão definitiva dos estudos para agir. Segundo Hassen, é preciso cobrar que as empresas discriminem, nos rótulos dos produtos, a quantidade de edulcorantes de forma que a população entenda o que está consumido.
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México e Argentina são dois exemplos de países vizinhos ao Brasil que já aderiram a proposta que Hassen defende.
Por aqui, no ano passado entrou em vigor uma nova lei de rotulagem de produtos alimentícios que exige que as empresas evidenciem, na parte frontal da embalagem, caso haja excesso de açúcar, sódio ou gordura trans.
A resolução apresentada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi celebrada por especialistas, mas não passou sem críticas. Um dos pontos é justamente o fato dos edulcorantes não estarem nesta lista de avisos essenciais.
“Em outros países os edulcorantes foram adicionados. isso é importante pq as pessoas não costumam olhar em detalhes os rótulos. O Brasil deveria seguir esse exemplo”, recomenda Hassen.
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Outra orientação é para uma política de taxação específica para bebidas açucaradas.
“A gente precisa aumentar o preço desse produtos, porque eles precisam ser consumidos com cautela, de forma mais controlada. A comida tradicional do brasileiro é uma dieta maravilhosa, e a gente tá perdendo isso. Justamente porque o preço dos produtos clássicos, de comida de verdade, estão ficando mais caros, enquanto que os ultraprocessados, o que a gente chama de comida de mentira, estão ficando mais baratos”, explica Hassen.
A ACT é protagonista da ação Tributo Saudável, que busca pressionar o poder público para avançar na proposta de taxar de forma devida bebidas açucaradas.
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Edição: Lucas Weber