CENTRAL DO BRASIL

'Não existe apenas um culpado', diz pesquisadora sobre ataque em escola de SP

Miriam Abramovay estuda violência nas escolas e relatou problemas estruturais que levam a casos fatais

Brasil de Fato|Recife(PE) |
Fachada da escola onde aconteceu o ataque nesta segunda-feira - Reprodução/Google Maps

O caso do adolescente de 13 anos que matou com facadas a professora de 71 e deixou quatro colegas feridos, em São Paulo, nesta segunda-feira(27),  chocou o país e reacendeu o debate sobre o que motiva ataques dessa natureza. 

Nesta terça-feira(28), estudantes realizaram uma vigília em frente à escola. Vestidos de branco, eles foram prestar solidariedade e pedir paz no ambiente escolar. Em Brasília, parlamentares resgatam projetos que estão em tramitação na Câmara dos Deputados que buscam alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente e que tornam as penas mais severas para crimes com essas características.  

Para Miriam Abramovay, coordenadora da Área de Juventude e Políticas Públicas da FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), não há como simplificar esse assunto e resumir o problema a uma única causa. 

"Não existe apenas um culpado. Nestes espaços, podemos dizer que todos são vítimas. O culpado é a sociedade, é a escola que não conseguiu prever o que ele ia fazer. Tem a questão da internet, que muitas vezes é incontrolável", apontou. 

Ela participou do programa Central do Brasil desta terça-feira(28) e comentou sobre os diversos aspectos do crime. Miriam recordou do esvaziamento do debate sobre desigualdades e problemas sociais dentro da sala de aula nos último quatro anos, sob o governo Bolsonaro, e também uma lacuna no monitoramento de casos de violência dentro das escolas. 

"Existe um buraco, porque nem existem dados sobre violência e não existem também programas governamentais sobre a questão de violência", apontou. 

O adolescente autor do crime tinha um histórico problemático na outra escola onde estudava. Uma professora já havia registrado um boletim de ocorrência denunciando postagens de cunho racista publicadas pelo aluno. Ele acabou sendo transferido para a Escola Estadual Thomazia Montoro, onde aconteceu o crime. Miriam criticou essa conduta. 

"Em geral, você vai mudar o problema de lugar. As redes de apoio têm que funcionar. A escola tem que trabalhar com outras secretarias e com outras possibilidades, nas áreas de segurança, assistência social e saúde", apontou. 

"O que acontece é que essas violências começam como brincadeiras, com xingamentos e depois se tornam fatais, como foi o caso desse menino". 

A entrevista completa de Miriam Abramovay você confere na edição desta terça-feira(28) do programa Central do Brasil. 

Assista agora ao programa completo



E tem mais! 

Construção desenfreada

Em Fortaleza, projetos de edifícios com até 50 andares podem formar um paredão ao redor da orla. Esses super prédios, ou mega-prédios, descumprem o atual plano diretor da cidade, mas as construtoras conseguem driblar as regras utilizando um instrumento chamado outorga onerosa. Quem explica melhor essa história toda é a repórter Camilla Lima, direto da capital cearense.

História de luta e resistência

Ediane Maria, deputada estadual pelo PSOL de São Paulo, narra a sua jornada de luta como "mais uma vítima do quarto de empregada" e descreve o quadro do movimento por moradia no estado. Ela aponta as principais raízes das desigualdades e os caminhos para superar esta realidade opressora. 

O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e por emissoras públicas parceiras espalhadas pelo país. 


 

Edição: Rodrigo Durão Coelho