O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) lança nesta quarta (29) nova pesquisa sobre a violência nas escolas paulistas. Ao menos 6 mil pessoas, entre estudantes, pais e professores, foram abordados na nova edição, que dá sequência à série histórica de denúncias do problema pela entidade.
A Apeoesp identifica alta do fenômeno desde 2020, um ano após o massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. Segundo a pesquisa daquele momento, 37% dos estudantes da rede estadual já tinham sofrido algum tipo de violência ante, por exemplo, 28% em 2014.
Ainda sobre o estudo também de 2020, cinco em cada 10 professores (54% da categoria) também já haviam sofrido algum tipo de violência nas dependências das escolas que lecionavam. Na mesma comparação com o ano de 2014, aumento de 10%.
O lançamento do estudo referente a 2022 será seguido por ato organizado pelos professores, às 14h, em frente à Secretaria de Educação do estado, na Praça da República, região central da capital paulista.
O protesto público tem como objetivo denunciar o aumento da violência e lamentar a mais recente “tragédia na história da educação paulista”, como classificou o diretor da Apeoesp Roberto Guido, que comentou o caso nesta terça (28) em entrevista a Rafael Garcia, do Jornal Brasil Atual. O dirigente refere-se ao ataque, ontem (27), na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo. Uma professora morreu e cinco pessoas ficaram feridas após o ataque a faca de um aluno, de 13 anos, do oitavo ano do ensino fundamental.
PM e armas: um fracasso
De acordo com Guido, a nova tragédia é apenas mais uma que resultado de “um processo em que as escolas, principalmente as do grande centro urbano, vêm apresentando problemas cotidianamente. E essas violências a Secretaria da Educação faz questão de abafar”, afirmou ao jornalista.
O diretor da Apeoesp também criticou a reação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que falou em convocar policiais militares que estão na reserva para atuar de forma permanente dentro dos colégios do estado. A proposta foi divulgada por Tarcísio na noite de ontem a pretexto de tornar o ambiente escolar “mais seguro”. No entanto, conforme advertiu Guido, “essa proposta não resultará em diminuição da violência, ao contrário. Armas dentro da escola já começam a demonstrar o fracasso da própria escola”, afirmou.
“Há sim, como temos reivindicado, necessidade de, no entorno da escola, ter um aumento policial. Mas dentro das escolas, temos que ter procedimentos que inclusive possibilitem ter um maior controle. Por exemplo, a ausência de funcionários, que temos denunciado. (Também a) superlotação das escolas, que acabam sobrecarregando os poucos funcionários que têm. Você tem um processo em que a escola, por conta de um modelo de gestão (…), é antidemocrática e não se abre para a comunidade”, explicou o dirigente.
Violência e abandono das escolas
No início deste mês, a Apeoesp divulgou levantamento mostrando a falta dos chamados professores mediadores, responsáveis por intervir em situações de conflito e ajudar no trabalho de convivência dos estudantes. Atualmente, o estado de São Paulo tem cerca de 24,5 mil agentes na ativa, de acordo com a própria secretaria. O que representa menos de 1% dos quase 3,5 milhões de alunos matriculados na rede estadual.
Proporcionalmente, há um agente qualificado para atuar em conflitos para cada grupo de 143 alunos. “O problema é que o estado apresenta propostas completamente descabidas para um problema que é crônico”, concluiu Roberto Guido.