A Casa Branca receberá nesta quarta-feira (29/03) a visita do presidente argentino Alberto Fernández. A pauta do encontro com o anfitrião Joe Biden terá como principal assunto o apoio dos Estados Unidos a uma possível flexibilização da dívida do país sul-americano com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A atual dívida da Argentina com o fundo foi adquirida no ano de 2018, durante o governo do antecessor de Fernández, o empresário ultraliberal Mauricio Macri.
Em 2020, o atual mandatário conseguiu um acordo para o pagamento da dívida com um novo calendário, que permitisse ao governo realizar seu programa econômico [que venceu as eleições do ano anterior, impedido a reeleição de Macri] e também as tomar medidas necessárias para enfrentar a recém iniciada pandemia de covid-19.
No entanto, o governo argentino de viu forçado a renegociar esse pagamento novamente, devido a atual crise que enfrentada pelo setor agropecuário do país, em função de uma prolongada seca que atingiu as regiões Norte e Central do país.
Visita à Casa Branca
Segundo a Casa Rosada, o encontro entre Fernández e Biden acontecerá por volta das 15h45, e também abordará temas como crise climática, inclusão social, ciência e tecnologia, democracia e direitos humanos.
Será a segunda reunião oficial entre os dois mandatários. A primeira foi mais protocolar, já que aconteceu durante a Cúpula das Américas realizada em Los Angeles, em junho de 2022, na qual Biden teve encontros bilaterais com todos os chefes de Estado presentes no evento.
Encabeçada pelo presidente, a delegação argentina também é conformada pelos ministros da Economia, Sergio Massa, e da Segurança, Aníbal Fernández, além do chanceler Santiago Cafiero e do embaixador da Argentina nos Estados Unidos, Jorge Argüello.
A agenda de Fernández em Washington teve seu início na noite desta terça-feira (28/03), quando a delegação argentina manteve uma reunião com 38 investidores, empresários e banqueiros do Conselho das Américas.
Seca histórica
Segundo o Comitê Nacional de Irrigação e Emergência Agropecuária da Argentina, a seca atual é a pior vivida pelo país nos últimos 60 anos, e gerou um prejuízo de ao menos 15 bilhões de dólares nas exportações agropecuárias, o pior resultado registrado neste século.
A agência estatal Télam afirmou que ao menos metade das cidades da Argentina estão enfrentando estado de emergência agropecuária.
Esse cenário também afeta a capacidade do país em arcar com os compromissos adquiridos em 2020, já que o país conseguiu menos dólares que o esperado nos últimos meses.
Segundo o chefe de gabinete da Casa Rosada, Agustín Rossi, a renegociação de metas de pagamento da dívida com o FMI é uma demanda realista, devido ao “caráter dinâmico do acordo alcançado em 2020, que considera a possibilidade de mudanças nas condições externas, como esta seca que está afetando o volume de exportações que tínhamos planificado para este ano”.
Cenário eleitoral
Além disso, a Argentina vive novamente um ano eleitoral neste ano de 2023. A disputa tem um cenário bastante incerto, depois que o ex-presidente Macri anunciou que não será candidato.
Ademais, o próprio presidente Fernández ainda não assegurou se será candidato à reeleição. Boa parte da imprensa argentina aposta em Sergio Massa, ex-presidente da Câmara dos Deputados e atual ministro da Economia, como o candidato da coalizão peronista Frente de Todos, apesar de ser um dos nomes mais moderados do setor.
Entre os setores mais a esquerda dentro do peronismo, os nomes especulados são o do deputado Máximo Kirchner, filho dos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner [esta última, também atual vice-presidente e presidente do Senado], e o do ativista social Juan Grabois, figura ligada ao Papa Francisco. Nenhum dos dois, porém, oficializou sua pré-candidatura.
Na direita, descartada a opção de Macri, os principais candidatos são o atual prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, e o deputado de ultradireita Javier Milei, ambos já anunciados como pré-candidatos [disputarão as eleições prévias marcadas para o mês de agosto].
O primeiro turno das eleições argentinas acontecerá em 22 de outubro. Caso seja necessário um segundo turno, ele será realizado em 19 de novembro.
(*) Com informações de Página/12 e Télam