CENTRAL DO BRASIL

Dificuldades do governo em Israel podem aumentar a opressão contra palestinos, diz pesquisador

Arturo Hartmann avalia que acordos de Benjamin Netanyahu fortalecem figuras de extrema-direita no país

Brasil de Fato|Recife(PE) |
Manifestantes contrarios à reforma judicial de Netanyahu - Ahmad Gharabli / AFP

O jornalista e pesquisador sobre Relações Internacionais, Arturo Hartmann, acredita que as articulações políticas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para acalmar os protestos contra a Reforma Judicial, podem desembocar em um projeto de mais opressão e violência contra os palestinos.

Segundo Hartmann, Netanyahu se aproximou de nomes conservadores e prometeu publicamente reforçar o poder de nomes que já integram o governo em troca de apoio à Reforma Judicial. 

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"Ele teria feito uma promessa, foi documentada na imprensa, de uma guarda-nacional. O que seria essa guarda-nacional? Eu coloco essa guarda sobre o controle desse cara, o Itamar Ben-Gvir, nas regiões onde palestinos e israelenses vivem com mais proximidade. Isso quer dizer, em resumo, que, numa escalada, você poderia ter ações mais violentas com prisões e expulsões sobre o controle da extrema direita. Isso também poderia ser uma forma de afetar os palestinos."

Ben-Gvir, que é ministro da Segurança Nacional, já foi condenado por incitação ao racismo e, até alguns anos atrás, exibia em casa uma foto de um extremista judeu que matou 29 palestinos numa mesquita. Ele se posiciona contra um Estado palestino e apoia a expansão dos assentamentos na Cisjordânia.

A análise foi feita por Hartmann durante entrevista ao programa Central do Brasil, nesta quinta-feira(30). Ele foi convidado para falar sobre o Dia da Terra Palestina, uma mobilização internacional que lembra o dia 30 de março de 1976, quando a população palestina da Galileia, região hoje incorporada ao território israelense, declarou uma greve geral para protestar contra o roubo de suas terras.

O pesquisador é especialista no conflito Israel-palestinos e avalia as consequências do governo de Netanyahu sobre a questão da Palestina. Arturo Hartmann lembrou que a democracia é privilégio de apenas parte da população. 

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"Hoje, no território da Palestina histórica, vivem cerca de 12 milhões de pessoas. Metade dessa população é de judeus-israelenses [em assentamentos judaicos que estão salpicados como bolsões por toda a terra que é, em tese, palestina]. Quando a gente ouve falar de democracia em Israel, a gente tá falando de democracia para 50% das pessoas que vivem nesse território. Netanyahu governa para elas", explicou. 

"O que aconteceu mais recentemente é que o Netanyahu galgou um lugar em que domina a política israelense e tem poucos adversários. Nesta eleição mais recente, sobretudo porque ele está sendo acusado de corrupção e de autoritarismo, precisou fazer uma coalizão com partidos da extrema direita. E estamos pensando numa extrema direita que vai afetar a democracia para os judeus. É por isso que os judeus e os israelenses estão indo para a rua agora. Porque a democracia, para eles, está ameaçada." 

No entanto, pondera Arturo, esse clima de ameaça é permanente para a população a palestina. 

"Eles já não vivem sobre uma democracia. Todo governante israelense, seja mais à direita ou mais à esquerda, é uma autoridade colonial para os palestinos. O que pode mudar são as nuances e as táticas que o governo de Israel vai usar para dominar o território", concluiu. 

A entrevista completa sobre o Dia da Terra e análise sobre a questão da palestina você acompanha na edição desta quinta-feira do programa Central do Brasil

Assista agora ao programa completo 



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O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e por emissoras públicas parceiras espalhadas pelo país.

Edição: Rodrigo Durão Coelho