Com a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Brasil, a América Latina ganha um "vendaval de esperança" e a correlação de forças muda, afirmou o ex-presidente do Equador Rafael Correa nesta quinta-feira (30). Correa participou de um encontro com movimentos populares organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Galpão do Armazém do Campo.
"O que aconteceu no Brasil é um vendaval de esperança. A maior economia do continente com um presidente do tamanho de Lula", destacou Correa. "Isso muda o balanço geopolítico da região. A segunda onda progressista é muito mais profunda que a primeira, mas também é diferente".
O ex-presidente afirmou que Guilhermo Lasso, atual presidente do Equador, está destinado à "lata de lixo da história" e é "corrupto". A Corte Constitucional equatoriana decidiu nesta quinta-feira que o processo de impeachment contra Lasso pode seguir para a Assembleia Nacional, onde o presidente poderá enfrentar dificuldades para se manter no cargo.
Além das acusações de corrupção que motivam o pedido de impeachment, Lasso foi derrotado em um referendo que propôs para alterar a Constituição do país e viu o partido de Correa, a Revolução Cidadã, eleger prefeitos nas duas maiores cidades do país, Quito e Guaiaquil.
Nas palavras de Correa, o atual presidente sofreu uma "goleada" e as forças de esquerda voltarão ao poder no Equador. "Recuperaremos o Equador para seu povo, para a justiça, para a Pátria Grande", disse.
Rafael Correa foi presidente do Equador de 2007 a 2017. Durante seu mandato, o país fez uma Constituinte e alterou sua Carta Magna, o período também foi marcado por uma diminuição da pobreza e o crescimento econômico. O mandatário fez parte da chamada “onda progressista” de governos de esquerda na América Latina no início do século XXI.
O ex-presidente equatoriano vive na Bélgica e afirma ser vítima de perseguição judicial. Correa afirma ser alvo de mais de meia centena de ações judiciais em uma ofensiva de lawfare, o uso do judiciário contra inimigos políticos.
"Não entenderam que somos sementes. Que quando nós enterram, nascemos mais fortes", disse o ex-presidente do Equador em São Paulo.
Edição: Thalita Pires