Para usar um termo dos velhos filmes de faroeste, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é rápido no gatilho. Ele lidera uma negociação, anunciada nesta quarta-feira (12), que chegou a um acordo pelo qual será formado o que já é chamado de “superbloco” na Casa. Esse grupo reunirá legendas da direita à centro-esquerda, incluindo agremiações da base do governo Lula: PP, União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e a federação Cidadania-PSDB, somando 173 deputados.
A criação do bloco é uma reação de Lira, líder do Centrão e considerado por muitos o “dono” da Câmara dos Deputados, ao anúncio no mês passado do bloco composto por MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, que tem 142 parlamentares e era o maior até hoje.
No final de março, reportagem da RBA sobre esse bloco liderado pelo MDB e PSD mostrava que o agrupamento recém-formado representava “uma alternativa ao Centrão de Arthur Lira”. Para o governo do presidente Lula, o bloco MDB-PSD-Republicanos-Podemos-PSC, naquele momento, mais ajudava do que atrapalhava, disse na ocasião o consultor político Antônio Augusto de Queiroz.
Nova força
A união das cinco legendas no final do mês passado representaria uma nova força, em tese, com a diminuição do poder de Lira, em particular. Também seria uma espécie de diluição dos poderes políticos na Casa de modo geral. O bloco de 142 deputados seria a quarta força, dividindo a Casa com o Centrão/Lira, a base de Lula e a oposição formal (o bolsonarismo) na Câmara
Porém, a matéria da RBA terminava dizendo que eram esperados “novos lances no tabuleiro”, porque “Arthur Lira não costuma aceitar revezes”. Lira havia sido reconduzido à presidência da Câmara em 1° de fevereiro com votação recorde de 464 votos.
Arthur Lira, Pacheco e Lula
Os blocos parlamentares atuam conjuntamente, como se fossem grandes partidos, têm líderes e poder de representatividade nas negociações por cargos e formação de comissões.
Para Arhur Lira, a formação do novo bloco é fundamental no momento em que ele trava uma dura disputa política com o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), inclusive na formação de comissões mistas (com deputados e senadores) para a tramitação de medidas provisórias do governo.
Hoje, Pacheco está na comitiva de Lula que chegou à China na noite de hoje (no horário chinês). Mais do que isso, o senador foi no avião do presidente brasileiro, num sinal de proximidade nesse momento de embate com Lira.
Os movimentos das peças no tabuleiro continuam surpreendendo, inclusive os líderes do governo.