Chico Science, o eterno vocalista do grupo Nação Zumbi, foi um dos principais expoentes do movimento Manguebeat, que misturou rock, rap e outros ritmos regionais do Nordeste brasileiro. Mesmo após sua morte prematura em 1997, sua influência na música brasileira permanece presente. Neste ano, para celebrar o que seria seu 57º aniversário em 13 de março, um acervo digital inédito de seus escritos e pensamentos foi lançado.
Os registros, que incluem 27 cadernos de notas e folhas avulsas sem uma ordem cronológica específica, foram cuidadosamente guardados pela irmã de Chico, Maria Goretti de França. A partir de 2014, Goretti, com ajuda da filha de Chico, Louise França, e a amiga do cantor, Sonaly Macedo, começaram a reunir e catalogar o material. Agora, nove anos depois, o acervo foi finalmente disponibilizado para o público no site oficial.
O acervo é como um tesouro para os fãs de Chico Science, que se deparam com o mar de pensamentos e ideias do artista por trás da música. Chico Science e a Nação Zumbi são lembrados como uma das bandas mais importantes do Manguebeat, incorporando elementos do maracatu, coco e ciranda em suas músicas e trazendo um reflexo da vida no mangue e uma crítica às más condições de vida dos "homens caranguejos".
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Segundo Goretti, esse termo é "como uma metáfora para essa fertilidade, para essa criatividade do ritmo que eles criaram, ele traz essa coisa da fertilidade dos manguezais. Chico pega o conhecimento teórico dessas histórias e une a vivência da infância, da adolescência, com a proximidade do mangue, dessa fertilidade que esse ecossistema tem, da capacidade de reproduzir e ser a maternidade da vida".
Ele entendeu que essa era uma metáfora muito boa, muito rica, de fazer essa analogia do mangue e sua fertilidade com a cidade, estuário, que é Recife, rodeada com um grande manguezal e a fertilidade que brotava de suas bandas, das artes plásticas, do cinema, do teatro, da moda. Tudo que efervescia aquela década de 90", afirma a irmã de Chico.
Para Goretti, o acervo permitiu que a família pudesse preservar aquilo que dentro do acervo de Chico, que é muito grande, era o mais sensível nesse momento: o suporte que papel proporciona.
Ao todo, sete cadernos já foram disponibilizados no site, e a cada três meses, mais sete cadernos serão adicionados. O acervo de Chico Science é um lembrete da importância deste movimento e da música revolucionária que ele ajudou a criar. Para visitar o acervo digital Chico Science, acesse o site acervochicoscience.com.br.
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Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga