Uma nota conjunta assinada por algumas das principais centrais sindicais do país e publicada nesta quarta-feira (19) manifestou repúdio aos últimos episódios de ataques e perseguição ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que incluem até mesmo exaltação de violência contra os trabalhadores do campo.
A publicação acontece na semana do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. A data, 17 de de abril, faz referência ao massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu nesse dia do ano em 1996. Na ocasião, 21 pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar do Pará.
A nota destaca que o MST "construiu sua organização e seus métodos de luta, formas de pressão e realizou neste mês (Abril) diversas manifestações e atos, com a disposição e o intuito político de abrir um processo negociação, depois de um governo federal sombrio, que se pautou por formas antidemocráticas e autoritárias".
O texto é assinado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
"É importante lembrar que o Brasil tem uma dívida histórica com os trabalhadores(as) rurais, do campo, que lutaram durante toda a nossa história e continuam a luta por terra, direito de morar, trabalho, cidadania e dignidade", prossegue o texto.
Confira abaixo a íntegra da nota publicada pelas centrais sindicais:
As Centrais Sindicais brasileiras reconhecem o Dia 17 de abril como um marco da luta pela reforma agrária pela memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996.
É importante lembrar que o Brasil tem uma dívida histórica com os trabalhadores(as) rurais, do campo, que lutaram durante toda a nossa história e continuam a luta por terra, direito de morar, trabalho, cidadania e dignidade.
O presidente Fernando Henrique Cardoso promulgou a Lei 10.469, em 25 de junho de 2002, que instituiu o 17 de abril como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Assim, os movimentos populares do campo transformaram o mês de abril em um período de legítimas lutas, por terras e mais direitos.
O MST (Movimento dos Sem Terra) construiu sua organização e seus métodos de luta, formas de pressão e realizou neste mês (Abril) diversas manifestações e atos, com a disposição e o intuito político de abrir um processo negociação, depois de um governo federal sombrio, que se pautou por formas antidemocráticas e autoritárias. De forma alguma, o governo Bolsonaro se preocupou ou buscou dialogar com as questões as agrárias dos trabalhadores brasileiros.
Diante disso, manifestamos nossa solidariedade ao companheiro João Pedro Stédile, que tem sido alvo de perversa perseguição política, inclusive com estranhos pedidos de prisão, sem qualquer fundamento jurídico.
Repudiamos as manobras de grupos políticos, alheios ao viés considerados fundamentais no Estado Democrático de Direito, para criminalizar as manifestações do movimento dos sem-terra, inclusive com a absurda proposta de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados.
Repudiamos também exaltação da violência contra os trabalhadores rurais. Esse modelo de ataque raivoso não cabe mais em formas democráticas, que pressupõem o diálogo como pilar.
São Paulo, 19 de abril de 2023
Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Auersvald, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Edição: Nicolau Soares