Conflito

Chanceler russo diz na ONU que mundo vive 'linha mais perigosa' desde Guerra Fria

Rússia exerce presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU em abril e reitera defesa da guerra na Ucrânia

Rio de Janeiro |

Ouça o áudio:

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, participa de reunião no Conselho de Segurança da ONU - Timothy A. Clary / AFP

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, acusou o Ocidente de abandonar a diplomacia e propôs reformar o Conselho de Segurança da ONU, acrescentando mais países da Ásia, África e América Latina. O chanceler russo presidiu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (24), na qual disse que o mundo, como nos anos da Guerra Fria, se aproximou de "uma linha perigosa, e talvez ainda mais perigosa".

"Nós, novamente, como nos anos da Guerra Fria, nos aproximamos de uma linha perigosa, e talvez ainda mais perigosa. A situação é agravada pela perda da fé no multilateralismo, quando a agressão financeira e econômica do Ocidente destrói os benefícios da globalização, quando os EUA e seus aliados abandonam a diplomacia e exigem um confronto no campo de batalha. Tudo isso dentro dos muros da ONU, criada para evitar os horrores da guerra", declarou. 

Lavrov reiterou a posição do Kremlin de culpar os Estados Unidos pela guerra que a Rússia iniciou na Ucrânia. Segundo ele, a "super-representação ultrajante do Ocidente" no Conselho de Segurança da ONU mina o princípio do multilateralismo.

"Os países ocidentais não apenas preservaram a Otan, mas, ao contrário de suas promessas, avançaram para a absorção arrogante de espaços, incluindo aqueles territórios onde existiam e sempre continuarão a existir interesses vitais da Federação Russa", completou.

Rússia é alvo de duras críticas no Conselho de Segurança

O Secretário-geral da ONU, António Guterres, por sua vez, abriu a reunião e também falou da intervenção russa na Ucrânia. Ele destacou que a guerra continua a trazer grande sofrimento e destruição à Ucrânia e ao seu povo, agravando a perturbação econômica no mundo causada pela pandemia de covid-19.

Segundo Guterres, o sistema internacional de relações multilaterais atravessa agora seu momento de maior pressão durante toda a história da ONU.

"A tensão entre as principais potências está agora em um nível alto sem precedentes. E o mesmo com os riscos de novos conflitos por aventureirismo ou erros de cálculo", acrescentou Guterres, que estava sentado ao lado de Lavrov.

Já a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, fez acusações mais enfáticas contra Moscou no contexto da guerra, citando regiões ucranianas que foram palco de grandes números de mortes e violações de direitos humanos.

"Enquanto estamos sentados aqui, as forças russas continuam a matar e ferir civis. Enquanto estamos sentados aqui, as forças russas estão destruindo a infraestrutura crítica da Ucrânia. Enquanto estamos sentados aqui, nos preparamos para o próximo Bucha, o próximo Mariupol, o próximo Kherson, o próximo crime de guerra, a próxima atrocidade inescrupulosa", disse a diplomata.

Edição: Thales Schmidt