O ex-presidente peruano Alejandro Toledo (2001-2006) chegou neste domingo (23/04) ao Peru e foi encaminhado para o Presídio de Barbadillo, nos arredores de Lima, onde deverá ficar enquanto se desenvolve o processo de corrupção que ele responde na Justiça.
Toledo se entregou às autoridades dos Estados Unidos na sexta-feira (21/04), depois que a Justiça desse país aceitou seu pedido de extradição ao Peru. Ele se encontrava foragido no país norte-americano desde 2017, quando passou a enfrentar um processo na Justiça peruana por seu suposto envolvimento em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro vinculados a contratos do Estado peruano com a empreiteira brasileira Odebrecht.
No presídio de Barbadillo, Toledo não será a única figura ilustre. Também está preso nesse mesmo centro penitenciário o ex-presidente Pedro Castillo, vencedor das últimas eleições presidenciais peruanas, em 2021, e destituído em dezembro de 2022 por decisão do Congresso Nacional.
Castillo foi detido no mesmo dia de sua destituição, em 7 de dezembro de 2022. Horas antes da votação do seu impeachment no Congresso, quando ainda era mandatário mas temia por um resultado desfavorável no parlamento, ele decidiu decretar o fechamento do Legislativo e a instalação de um regime de exceção. A ordem, porém, não foi obedecida pelos demais poderes e ele terminou sendo preso sob a acusação de atentar contra o regime democrático.
Outro interno famoso de Barbadillo é o ex-ditador Alberto Fujimori, que governo o país durante uma década, entre 1990 e 2000. Apesar de eleito democraticamente em 1989, Fujimori deu um autogolpe em 1992 [que, diferente do de Castillo, foi acatada pelas demais instituições] e governou com plenos poderes até o final dessa década.
Fujimori deixou o país após esse período e se manteve durante meia década exilado no Japão, país no qual possui direitos de cidadão local por sua ascendência – portanto, não podia ser extraditado. Na época, ele já era alvo da Justiça peruana por casos relacionados a esquemas de corrupção que envolviam seu principal assessor, o ex-militar Vladimir Montesinos.
Em 2005, ele tentou regressar ao Peru, em um plano para retomar sua hegemonia na política do país. Foi ao Chile, no que seria sua primeira escala antes de voltar ao país natal. Porém, em Santiago, já não desfrutava da imunidade legal que tinha em Tóquio, razão pela qual foi preso pela Interpol e extraditado ao Peru dois anos depois.
Desde então, ele foi condenado por dois processos de corrupção [desvio de US$ 32 milhões das Forças Armadas em contratos de armamentos, além do esquema de financiamento de US$ 15 milhões de um esquema de espionagem ilegal operado pelo seu assessor Montesinos] e outros dois de lesa-humanidade [massacres de Barrio Alto e La Cantuta, onde morreram 26 opositores ao seu regime, além da sua responsabilidade pela política de esterilização forçada de cerca de 200 mil mulheres indígenas, muitas das quais morreram durante o procedimento, em medida que vigorou durante os Anos 90].
Dos três ex-presidentes presos em Barbadillo, Fujimori é o único que tem sentenças definitivas, que juntas acumulam um total de 52 anos de prisão [dos quais ele já cumpriu 16]. Vale salientar, como curiosidade, que o principal assessor do ex-ditador, Vladimiro Montesinos, também está preso no mesmo centro penitenciário desde 2010.