A Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e a líder indígena e ativista Txai Suruí foram os grandes destaques do Prêmio Megafone deste ano. Em sua segunda edição, o projeto agraciou iniciativas de ativismo e defesa dos direitos humanos que tiveram destaque em 2022.
Marina Silva foi reconhecida pela trajetória de luta em defesa do Meio Ambiente com o Prêmio do Juri. Txai Suruí levou o Megafone do Ano, como ativista que mais se destacou em 2022. Nas 14 categorias premiadas estão intervenções artísticas, documentários, imagens, músicas, manifestações individuais, protestos coletivos, perfis nas redes sociais e até memes.
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi lembrado. Ele é tema da música Tá na Hora do Jair, do artista Maderada. A canção foi escolhida na categoria Música ou Clipe. Entre os memes, a dublagem de mulheres bolsonaristas em um jogral que se transforma em uma receita de sopa se sagrou vencedora.
"Podemos fazer uma análise, por meio das 14 categorias, do que realmente não queremos mais enquanto o país e para o temos que olhar daqui pra frente. Eu destaco como uma das principais coisas que apareceu entre os premiados os assuntos relacionados à Amazônia, meio ambiente e aos indígenas. Dentre todas as destruições que viemos sofrendo, talvez essas sejam onde isso ficou mais escancarado", afirma Digo Amazonas, do projeto Megafone Ativismo, uma das organizações a frente do prêmio.
Na categoria ação direta, o prêmio foi concedido ao coletivo Guardiões do Bem Viver, composto por jovens do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, no Pará. O grupo realizou um ato em defesa do rio Arapiuns com pequenos barcos comuns na região, chamados de rabetas.
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O filme O Território, dirigido por Alex Pritz, que conta a história da luta do povo Uru-eu-wau-wau para proteger suas terras em Rondônia, levou o prêmio de documentário. A ativista indígena Samela Sateré Mawé foi reconhecida na categoria Perfil de Rede Social.
Como reportagem mais representativa, a premiação concedeu o prêmio à matéria Um povo, três massacres. Publicado em formato de história em quadrinhos pela Revista Badaró, o trabalho fala sobre os constantes ataques contra o povo guarani-kaiowá, em Mato Grosso do Sul.
Segundo Digo Amazonas, a presença das questões ambientais e sobre as mudanças climáticas é o espelho de uma luta social que engloba diversos outros debates.
"As mudanças climáticas aparecem como uma luta que reúne todas as lutas. Não dá para falar de mudança climática sem falar de justiça climática. Para falar de justiça climática, temos que falar de desigualdade e para falar de desigualdade, temos que falar de racismo. Temos que falar de todos os problemas desse país, que não são só dos últimos anos, são de 500 anos e sabemos que que vão continuar acontecendo. Então a luta vai continuar acontecendo também."
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O Circuito Urbano de Arte, um dos maiores festivais de arte pública do Brasil, ganhou na categoria Arte de Rua. Uma obra do ilustrador Cristiano Siqueira sobre o assassinato do ambientalista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips foi agraciada na categoria cartaz.
Um desabafo da feirante e marisqueira conhecida como Dona Lurdinha sobre um caso de racismo ambiental levou o prêmio Cidadão Indignado. O protesto contra o assassinato do congolês Moïse Kabagambe, em frente a um quiosque de praia em que ele trabalhava, foi agraciado na categoria Marcha ou Manifestação de Rua.
A foto premiada este ano é de autoria de Lola Ferreira e foi captada no Rio de Janeiro. A imagem mostra a revolta de passageiros de um ônibus contra manifestantes bolsonaristas que bloqueavam o trânsito. Na categoria Jovem Ativista, a estudante Vitória Rodrigues, de São João de Meriti (RJ), foi reconhecida por escrever um projeto de lei para prevenção da violência urbana nas escolas ao 18 anos.
Premiados e premiadas foram anunciados pelas redes sociais em vídeos protagonizados pela atriz e humorista Nathalia Cruz. O troféu do prêmio é uma de autoria do artista e ativista Mundano.
Edição: Nicolau Soares