Os paraguaios vão às urnas neste domingo (30) para escolher seu novo presidente, deputados, senadores e governadores. As pesquisas de opinião indicam resultados diferentes e prévias com diferenças substanciais, mas apontam para o favoritismo de dois nomes: o governista Santiago Peña e o opositor Efraín Alegre.
Não há reeleição presidencial e nem segundo turno para os cargos de presidente e governador, de modo que o atual mandatário do país, Mario Abdo Benítez, participará da posse do seu sucessor no dia 15 de agosto de 2023. O candidato da situação é Santiago Peña, colega de Benítez no Partido Colorado, agremiação que domina a política local e perdeu apenas uma eleição presidencial, quando Fernando Lugo foi eleito em 2008.
O ex-bispo católico Fernando Lugo foi afastado do poder em 2012 por um golpe de Estado parlamentar. Após a destituição do líder progressista, o Mercosul suspendeu a participação do Paraguai no bloco — medida que foi revertida no ano seguinte.
Efraín Alegre foi ministro de Lugo e tenta pela terceira vez ser presidente. Sua aposta é uma coalizão de centro-esquerda, a Concertação Nacional. Suas propostas incluem baixar o preço da energia elétrica para as indústrias, investir na saúde pública e criar um programa de transferência de renda chamado "Infância sem fome".
Nas relações internacionais, Alegre propõe retomar as relações diplomáticas com a Venezuela, rompidas por Abdo Benítez em 2019, e também questiona a decisão do Paraguai de reconhecer Taiwan como nação independente.
"O Paraguai abre mão de ter relações com a China para tê-las com Taiwan. Ou seja, abrimos mão de um dos maiores mercados do mundo", disse o presidenciável para a AFP.
Santiago Peña, por sua vez, foi ministro da Fazenda durante o governo de Horacio Cartes, do Partido Colarado. Ele defende que o Paraguai continue a ter relações diplomáticas com Taiwan ao invés da China, critica a presença da Venezuela em fóruns internacionais e já afirmou estar "ansioso" para trabalhar com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Peña promete criar 500 mil novos empregos, baixar os juros para a compra de uma casa própria e aumentar o policiamento nas ruas.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Peña afirmou que o ditador Alfredo Stroessner, que governou o país de 1954 até 1989, "foi responsável por mais de 50 anos de estabilidade no Paraguai." Penã ainda disse que Stroessner exagerou e que de nenhuma maneira seria "a favor dos abusos de direitos humanos cometidos no período."
Ao El País, o presidenciável do Partido Colorado sustentou que a "família" é central na sociedade. "Nós, paraguaios, somos de uma cultura tradicional onde entendemos que a família é o centro da sociedade e a família é uma família tradicional, não só porque é o que estabelecem as Escrituras e a fé, mas também porque está na Constituição", disse.
A corrida eleitoral também conta com um nome da extrema-direita que já defendeu o assassinato de "100 mil brasileiros" e o ex-goleiro José Luis Chilavert. Segundo indicadores de preferência do eleitorado, o candidato extremista teria subido oito pontos nos últimos dias.
A eficácia das pesquisas eleitorais são questionadas no país vizinho ao Brasil, mas levantamento da Atlas Intel divulgada na terça-feira (25) apontou que Efraín Alegre tem 34,3% das intenções de voto, contra 32,8% de Santiago Peña.
O Paraguai tem 7,5 milhões de habitantes e 4,78 milhões de eleitores registrados. A votação começa às 7 horas e será encerrada às 16h. Um resultado é esperado para o próprio domingo e poderá ser acompanhado pelo link.
Edição: Patrícia de Matos