alimentação popular

Com presença de ministros, MST inaugura cozinha escola no centro de SP

Evento também marcou lançamento oficial da 4ª Feira da Reforma Agrária, que acontece entre 11 e 14 de maio na cidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins vai promover a formação de cozinheiros populares para defender produção familiar e alimentação saudável - Thalita Pires

Ato político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizado neste sábado (29) marcou a inauguração da Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins e o lançamento oficial da Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorrerá entre os dias 11 e 14 de maio na capital paulista.

O evento contou com a participação dos ministros Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais. Vários parlamentares prestigiaram o evento, como o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), a vereadora Elaine Mineiro (PSOL), do mandato coletivo Quilombo Periférico, o deputado estadual Simão Pedro (PT) e os deputados federais Rui Falcão (PT) e Ivan Valente (PSOL).

Teixeira foi enfático ao dizer que não existe fato determinado que justifique a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito do MST. "O protesto foi feito, entregue a pauta, não tem o que investigar. Não tem uma irregularidade, até porque não temos nenhum convênio irregular com o MST", afirmou. "Se é para investigar, tem que investigar a grilagem de terras ocorrida no governo passado no sul do Pará, no sul do Amazonas, no noroeste do Acre e no Matopiba", completou.


Autoridades prestigiam o evento de lançamento da Cozinha Escola pra Brilhar Dona Ilda Martins / Priscila Ramos/MST

Alexandre Padilha, que passou brevemente pelo evento, foi na mesma linha. "Minha opinião, vendo o requerimento da CPI, é que não existe fato determinado a ser investigado que justifique a criação da CPI.

O ministro do Desenvolvimento Agrário aproveitou para anunciar que o governo está preparando um programa emergencial de reforma agrária em maio.

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João Pedro Stedile, integrante da direção do MST, afirmou que a CPI foi criada para tentar desestabilizar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Eles querem enquadrar o governo. Muito mais, do ponto de vista da luta política, [a CPI é] contra o governo do que contra nós. É como dizer ao governo: 'não avance na reforma agrária, não apresente plano de reforma agrária, não ajude o MST'", complementou.

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Para Ceres Hadich, integrante da Direção Nacional do MST, a CPI contra o movimento não é novidade. "É a quinta CPI que o MST vai enfrentar na sua história. É o abuso de poder parlamentar que quer colocar a gente no canto do ringue", disse. Para ela, o alvo, além do movimento, é o governo federal. "É também uma forma de tentar desgastar o governo Lula. Essa CPI sem fato determinado tenta desmoralizar e desgastar o movimento e o governo."

Ela afirma que a postura do MST não vai mudar com a instalação da comissão. "Nossa postura vai ser a de continuar nos estabelecendo nos nossos territórios", afirmou.

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Cozinha Escola

A Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins foi desenvolvida em parceria com a Campanha Gente é Pra Brilhar, Não Para Morrer de Fome e o grupo Prerrogativas. O equipamento, localizado no Galpão do Armazém do Campo, na região central da cidade de São Paulo (SP), tem como objetivo reunir cozinheiros para atividades de formação. 

"A ideia é que a gente possa reunir todos os nossos aliados na defesa da alimentação saudável, contra a fome, para desenvolver processos pedagógicos dentro dessa cozinha", explica Carla Bueno, da coordenação do MST. "Que nesses processos pedagógicos a gente também possa tratar da questão agrária, da importância da reforma agrária para acabar com a fome no país", completou.

Dona Ilda Martins, militante que dá nome à cozinha, foi uma assentada da reforma agrária. Antes disso, foi militante da causa popular na zona leste de São Paulo. "É uma pessoa que foi muito amada e querida por toda a militância aqui do estado. É uma maneira de homenagear as cozinheiras que estão nos nossos assentamentos, que fazem um trabalho incrível de produzir e de preparar esses alimentos, que muitas vezes passam pela vida e ficam invisibilizadas aos olhos mais amplos", diz Carla.

Feira da Reforma Agrária

A 4ª Feira da Reforma Agrária, que vai acontecer entre 11 e 14 de maio no Parque da Água Branca, região central da cidade de São Paulo, deve contar com a presença de pelo menos 300 mil visitantes. Essa é a estimativa de público divulgada pelo MST no lançamento do evento.

Além disso, a feira vai contar com a participação de 1,2 mil feirantes, que devem comercializar cerca de 500 toneladas de alimentos, e ter 30 cozinhas, que servirão 96 pratos típicos de todas as regiões do país. Haverá a presença de delegações de 23 estados.

Haverá ainda apresentações com cerca de 300 artistas. No dia 11, o cantor e compositor Zeca Baleiro se apresentará na feira. Participarão também Jorge Aragão, Gabi Amarantos e a escola de samba Camisa Verde e Branco, em programação a ser divulgada.

O evento tem quatro objetivos básicos: expor a importância da reforma agrária e da agricultura familiar; propor a produção de alimentos alinhada com a proteção da saúde; dialogar com a geração de trabalho e renda; e valorizar alimentos produzidos de forma agroecológica, como forma de proteção ao meio ambiente. 

Delwek Matheus, da direção estadual do Movimento em São Paulo e integrante da coordenação da Feira Nacional da Reforma Agrária, lembra que, quando o governo de João Doria impediu que a feira fosse realizada no Parque da Água Branca, em 2019, a população da cidade reclamou. "A feira se tornou uma pauta de reivindicação da população paulistana. Quando fomos impedidos de fazer a feira no Parque da Água Branca, a população, principalmente do entorno, reivindicou a importância do evento", disse.

Para o MST, a feira é um espaço de encontro de militantes de todo o país. "Para nós é um grande encontro. Vão se reunir camponeses do Brasil todo para trocar experiências", comemorou Matheus.

Em diálogo com as experiências de solidariedade construídas durante o período mais restritivo da pandemia de covid-19, a feira vai fazer a doação de 5% dos produtos da feira para coletivos periféricos da cidade. "No período da pandemia tivemos ações de solidariedade com organizações populares da periferia. Vamos valorizar essas organizações que se preocupam com a alimentação, com as condições de vida da periferia e construir essa ação de solidariedade com eles", explicou ele. 

Edição: Cris Rodrigues