Na manhã desta terça-feira (2), o escritório da Companhia de Ferro das Ligas da Bahia (Ferbasa), empresa que atua nas áreas de mineração, produção de eucalipto e metalurgia, foi ocupado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na cidade de Maracás (BA).
Além disso, neste fim de semana que antecedeu o Dia do Trabalhador, o movimento ocupou três latifúndios no Rio Grande do Norte e um na Bahia. De acordo com o MST, as quatro áreas estavam improdutivas.
Ocupações na Bahia
A ação na sede da Ferbasa acontece depois que, na última quinta-feira (27), centenas de famílias foram despejadas de uma área da empresa no município de Planaltino (BA). Os camponeses estavam no terreno desde 30 de março, nesta que foi a terceira tentativa de construir ali o acampamento Estrela Vive. Conforme o MST, a área estava abandonada antes de ser convertida em local de moradia e plantio de alimentos.
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“O MST ocupa o escritório [da Ferbasa] reivindicando que haja uma reunião da empresa com o Incra, o governo federal e o governo do Estado para pacificar essa situação, uma vez que existe um acordo de 2017 dessa empresa ceder uma quantidade de hectares de terra para assentar famílias na região e nunca foi cumprido”, expõe Abraão Brito, articulador político do MST na Chapada Diamantina.
Ao Brasil de Fato, a Ferbasa informou, em nota "que tem mantido diálogo com o MST, com a finalidade de resolver a questão em definitivo. Todavia, vale ressaltar que a reforma agrária é um assunto que envolve diversos atores, dentre eles o poder público e o próprio movimento, razão pela qual não pode ser resolvido tempestiva e unilateralmente pela Ferbasa".
A empresa, que se apresenta como a "única produtora integrada de ferrocromo das Américas" diz, ainda, que rechaça a ocupação da sua sede e que "as negociações podem ser mantidas de forma pacífica e ordeira".
Ainda na região da Chapada Diamantina, mas na cidade de Boa Vista do Tupim (BA), 130 famílias sem-terra ocuparam, na madrugada de sábado (29), a Fazenda Boa Esperança. “A área”, diz nota do movimento, “está abandonada há 18 anos e possui uma extensão de 1.300 hectares de terra improdutiva”.
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Ocupações no Rio Grande do Norte
Em Macaíba (RN), na região metropolitana da capital potiguar, 70 famílias da Brigada Zumbi dos Palmares, do MST, ocuparam uma área da prefeitura na noite de sexta-feira (28). O terreno foi batizado pelos ocupantes de “comuna urbana Elizabeth Teixeira”, em homenagem à trabalhadora rural e ativista que atuou nas Ligas Camponesas na Paraíba e lutou contra a ditadura militar. Teixeira tem, atualmente, 98 anos.
No sábado (29), outros dois latifúndios foram ocupados no Rio Grande do Norte por 230 famílias: a fazenda Terra Nova, na cidade de Riachuelo, e a fazenda Ubatuba, no município de Ielmo Marinho. Esta última já teve uma parte desapropriada em 2009. Os sem-terra reivindicam que toda a área seja destinada à reforma agrária.
As ações integram a jornada de lutas que o movimento realiza todos os anos no mês de abril, em memória ao Massacre de Eldorado do Carajás. Neste ano, o lema foi “Contra a Fome e a Escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente”.
Edição: Vivian Virissimo