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Uberização transforma "pessoas em trabalhadores sob demanda", define pesquisadora

Ludmila Abílio, que estuda há anos situação dos entregadores por aplicativo, explica como funciona o novo 'just in time'

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"O trabalhador tenta lidar com essas regras o tempo inteiro, mas ele não tem nenhum poder de negociação" - Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Dados mais recentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) trazem que, no Brasil, são mais de 1,7 milhão de trabalhadores e trabalhadoras por aplicativo. Para a pesquisadora Ludmila Abílio, do Instituto de Estudos Avançados da USP e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, são profissionais submetidos a um novo regime de trabalho que traz severos desafios a sociedade.

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"O trabalhador tenta lidar com essas regras o tempo inteiro, mas ele não tem nenhum poder de negociação, influência e nem de conhecimento sobre o que rege o próprio trabalho dele, então é um exercício permanente de adivinhação", descreve Abílio.   

Se o mundo do trabalho carrega essas entre suas características contemporâneas, as lutas dos trabalhadores de aplicativo também envolvem novas lógicas. Entre elas, na visão de Abílio, que é também professora colaboradora da Sociologia da Unicamp, a organização dispersa, em rede. "Tem a ver com ser multidão", sintetiza. "E tem uma potência enorme: os motoboys têm um poder quase como o dos caminhoneiros. Eles podem interromper os fluxos", afirma. 

 A uberização é uma nova forma de controle, gerenciamento e organização do trabalho. Isso envolve uma série de elementos que dizem respeito a como nós, socialmente, estamos sobrevivendo. Como estamos sendo remunerados, as noções de justiça, de dignidade, de saúde, de segurança, como elas estão se organizando nesse dado momento histórico", afirma a pesquisadora. 

1º Maio 

O sentimento nos bastidores do ato do 1º de Maio das centrais sindicais, no Vale do Anhagabaú, em São Paulo (SP), era de alívio. Após quatro anos celebrando a data no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os sindicalistas voltaram a vivê-la sob gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dia após o petista anunciar o aumento real do salário-mínimo e o reajuste para os servidores públicos federais.

"Não é pouca coisa, esse reajuste acima da inflação ficou parado por seis anos. Estamos vendo a retomada e a reconstrução do país no governo Lula", comemorou Sérgio Nobre, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT). 

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Para João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o otimismo vai além dos últimos anúncios de Lula, que beneficiaram a classe trabalhadora.

"Vamos ter a rediscussão da questão trabalhista no país, não podemos viver no regime de uma Reforma Trabalhista feita no golpe. O PT sinaliza com a valorização do salário-mínimo contra a fome e a miséria. Por isso, é um 1º de Maio da esperança", encerrou o líder sem-terra.

MST no Conselhão

No último sábado (29), o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou em seu perfil no Twitter que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão. O colegiado é amplo e possui representantes de diversos setores econômicos e políticos do país.

Desde então, setores da direita, ligados ao agronegócio, passaram a atacar o MST, que é alvo de pedido de investigação em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e o governo Lula, pela participação do movimento no colegiado.

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Nesta segunda-feira (1), antes de participar do ato das centrais sindicais pelo Dia do Trabalhador, a deputada federal e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman (PT-PR) saiu em defesa do movimento em um texto publicado em seu perfil no Twitter.


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Edição: Lucas Weber