QUESTÕES DE GÊNERO

Cobertura jornalística de feminicídios é tema de podcast lançado em SC

O objetivo é estimular o debate sobre a forma como a imprensa cobre os crimes cometidos contra as mulheres

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Com três episódios, de cerca de 17 minutos cada, o podcast faz parte da pesquisa intitulada “Os feminicídios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público” - Foto: Clara Aguiar

É com uma série de manchetes de notícias sobre casos de violência contra as mulheres que começa o primeiro episódio do podcast “História mal contada: os feminicídios na cobertura jornalística”, seguida pelo questionamento: “Feminicídio, no Código Penal brasileiro, é crime contra a mulher por razões de gênero. E no Jornalismo?”.

Lançado em abril deste ano, o podcast traz análises e resultados da pesquisa intitulada “Os feminicídios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público” realizada pelo grupo Transverso, do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Com três episódios, o podcast é um dos materiais produzidos ao longo da pesquisa e aborda sobre como o jornalismo noticia o crime, os principais problemas encontrados, as percepções de integrantes de movimentos sociais sobre o trabalho jornalístico e os caminhos para qualificar as abordagens na cobertura dos feminicídios. O enfoque da pesquisa foi a cobertura de casos de feminicídio em jornais de Santa Catarina, no período entre 2015, ano da promulgação da lei do feminicídio (Lei 13.104/15) no Brasil, e 2021.

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De acordo com a professora Terezinha Silva, coordenadora do Transverso e da pesquisa, o grupo identificou um aumento do uso do termo feminicídio nos últimos anos pela mídia, a utilização de fontes policiais e masculinas como predominantes nas matérias e a falta de um tratamento mais aprofundado sobre os crimes. Para a coordenadora, é urgente a necessidade de qualificar a cobertura jornalística de feminicídios.

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“A violência de gênero é um problema público. E a imprensa tem um papel fundamental, porque além de dar visibilidade ao problema, pode também aprofundar a discussão sobre as suas causas, ajudando a mudar esta cultura machista e misógina que produz a violência de gênero”, afirma Terezinha.

O Transverso também trouxe o relato das pesquisadoras e de diversas mulheres lideranças de movimentos sociais sobre a cobertura de feminicídios na imprensa por meio de um documentário homônimo, produzido pela produtora Lilás Filmes e lançado em março. 

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Santa Catarina está entre os estados mais feminicidas do Brasil

Segundo o Monitor da Violência, 1,4 mil mulheres foram assassinadas em razão de seu gênero em 2022 – uma a cada 6 horas, em média. Santa Catarina, estado onde a pesquisa do Transverso concentrou a sua pesquisa, a taxa é de 1,5 feminicídios a cada 100 mil mulheres – acima da média nacional (1,2 vítimas a cada 100 mil mulheres).

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Conforme dados do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial, somente entre janeiro e março de 2023, ao menos 19 mulheres foram vítimas de feminicídio em Santa Catarina. O número é o maior registrado para o período desde 2020. 

*Com informações do Portal Transverso


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko