SÓ PIORA

Técnica de enfermagem citada em registro oficial nega ter aplicado vacina em Bolsonaro

Profissional de Duque de Caxias (RJ) sequer trabalhava no setor de imunizações na data de registro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Ex-presidente reafirmou não ter tomado a vacina, o que reforça a suspeita de fraude em emissão de certificado - Chandan Khanna/AFP

Reportagem da revista Piauí revelou que a técnica de enfermagem Silvana de Oliveira Pereira, que consta como aplicadora da vacina contra a covid-19 no braço do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos registros oficiais, não tem qualquer conhecimento do assunto. Ela sequer trabalhava no serviço de imunizações na data do registro da aplicação.

Pereira, que é funcionária do serviço público de saúde de Duque de Caxias (RJ), foi procurada pela equipe da revista após a divulgação dos dados da suposta vacinação de Bolsonaro no contexto da operação da Polícia Federal (PF) que culminou com a prisão de seis pessoas do entorno do ex-presidente. "Trabalho na prefeitura há alguns anos e não estou entendendo nada", disse à reportagem.

Segundo os registros, Bolsonaro teria tomado a vacina da Pfizer em 14 de outubro de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. Na ocasião, Pereira trabalhava em outro local, a Unidade Pré-Hospitalar de Pilar. Ela só foi escalada para aplicação de imunizantes no ano anterior, 2021.

Piauí entrou em contato com outra pessoa que conta nos registros oficiais como alguém que teria aplicado vacina em Bolsonaro em Duque de Caxias. Por Whatsapp, o homem, chamado Diego da Silva Pires, limitou-se a responder "não sou médico" e bloqueou o contato do repórter da revista.

Suposta fraude aconteceu no Planalto

A PF divulgou detalhes sobre a suposta fraude envolvendo o cartão de vacinação de Bolsonaro. Segundo o documento, publicado na quarta-feira (3), a ação aconteceu em computador localizado dentro do Palácio do Planalto, identificado pelo código IP. A inserção dos dados teria sido feita pelo militar Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid foi um dos presos na operação de quarta-feira.

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O processo de fraude teria acontecido entre 22 e 27 de dezembro do ano passado, poucos dias antes de Bolsonaro abandonar o país antes mesmo do fim de seu mandato como presidente. Os dados foram inseridos no aplicativo ConecteSUS, que registra informações oficiais sobre vacinação.

O documento no nome de Bolsonaro chegou a informar a aplicação de três doses de vacina, todas em Duque de Caxias. A primeira emissão do documento teria acontecido em 27 de dezembro, constando duas doses da vacina. Nova emissão, realizada em 30 de dezembro - dia em que o então presidente embarcou para os Estados Unidos -, teria registro de apenas uma dose, da Janssen.

Passaporte fica com o ex-presidente, diz site

Apesar de o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, ter determinado a apreensão do passaporte de Bolsonaro, o documento não foi retido, segundo o jornalista Paulo Cappelli, em sua coluna no portal Metrópoles.

De acordo com o jornalista, o gabinete de Moraes confirmou que a apreensão não aconteceu, e que as decisões do ministro são feitas "de modo amplo", mas cabe à própria PF decidir o que é de interesse da investigação.

Edição: Nicolau Soares