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Empreendimento do Governo do Distrito Federal impacta flora, fauna, solo e água do local

Moradores se mobilizam contra projeto do GDF de construção imobiliária no Parque das Garças

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Retirada da vegetação de área do Parque das Garças para construção diminui a infiltração da água no subsolo, reduzindo a recarga do aquífero e podendo impactar também o lago Paranoá - Divulgação/Brasília Ambiental

Moradores de regiões vizinhas ao Parque Ecológico das Garças e de toda Brasília se mobilizam contra projeto imobiliário do Governo do Distrito Federal (GDF) que pretende realizar parcelamento do solo para construção de unidade imobiliária, lotes para comércio e estacionamento em área do parque. O projeto seria discutido em audiência pública virtual no dia 16 de maio, mas o encontro foi cancelado.

Segundo Doralvino Sena, coordenador do Instituto Regenerativo Tempo de Plantar e morador do Lago Norte, o parque precisa ser defendido da especulação imobiliária. 

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“O Parque das Garças é uma conquista e uma benção de quem mora em Brasília. Hoje, sob ameaça, a comunidade está unida na defesa de sua ampliação e regularização com um Plano de Manejo adequado. O futuro e progresso nas cidades está na sustentabilidade e na qualidade de vida cidadã. Por isso nossa luta incansável por esse espaço natural maravilhoso que é o nosso patrimônio e deve ser defendido da especulação imobiliária comercial”, explica.

O Parque Ecológico das Garças é situado no Lago Norte, às margens do Lago Paranoá e próximo ao Clube do Congresso. O local é diariamente frequentado por moradores, sendo uma opção de lazer gratuita, ao ar livre e em contato com a natureza. A área foi estabelecida como Parque Ecológico em 2002, após mobilização da comunidade. 

De acordo com o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) apresentado pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), o parcelamento em questão destina-se à criação de unidade imobiliária para o Parque Ecológico das Garças, “e de mais 05 (cinco) lotes para usos comerciais e de serviços, além de áreas destinadas a estacionamento, bicicletário, vias de circulação, áreas verdes e espaços livres de uso público”. A área a ser parcelada está localizada na RA do Lago Norte, no SHIN Tr 16 - AE1, AE2, AE3, AE4, AE5 e SHIN Tr 15, perfazendo, aproximadamente, 16,26 hectares.

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A Associação de Moradores da Península Norte defende que as demandas dos moradores sejam ouvidas pelos órgãos governamentais. Devido ao forte impacto ambiental que poderá ameaçar a proteção da área natural do espaço, a Associação é contrária à implementação do projeto imobiliário e propõe a ampliação do Parque, com a incorporação da área situada entre este e o Clube do Congresso.


Projeto impacta equilíbrio ambiental do Parque das Garças, reduzindo flora e fauna nativas do cerrado e recursos hídricos / Agência Brasília

O próprio relatório redigido pela Terracap aponta os impactos ambientais que serão gerados durante a construção e a ocupação do parcelamento pretendido. Para a flora, estão previstos impactos como a remoção da cobertura vegetal e a redução de diversidade genética e do banco de sementes. Além disso, o empreendimento será responsável pela alteração de habitats terrestres da fauna local, impactando e afugentando espécies nativas do cerrado, com destaque para as aves.

Impactos

As águas do Parque das Garças também serão impactadas. A remoção da vegetação diminui a infiltração de água no subsolo, reduzindo a recarga do aquífero. Além disso, haverá poluição da água subterrânea por penetração de substâncias utilizadas nas obras, o que poderá escoar para o lago Paranoá, que também será impactado pelo assoreamento. 

O Fórum de Defesa das Águas do Distrito Federal apoia a mobilização contra a implantação do empreendimento imobiliário. Segundo Lucia Mendes, coordenadora do Fórum, o projeto ameaça o equilíbrio ambiental da região. 

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“Entendemos que cada área verde da cidade que se pretende transformar em prédios e estacionamento significa mais uma perda de infiltração de água e uma ameaça ao equilíbrio ambiental da região. É preciso repensar a lógica de ocupação dessa cidade pois aqui estão nascentes que contribuem para as principais bacias hidrográficas do país. Os impactos de cada ação mal planejada, ou que ignore as ameaças ambientais, repercutem para muito além só do território do DF”, observa.

Na manhã do último domingo (7), moradores realizaram uma caminhada pelo Parque das Garças e coletaram assinaturas em defesa do espaço. O abaixo-assinado pode ser assinado aqui. No dia 21 de maio haverá um piquenique em defesa do parque a partir das 10h.

A população tinha previsão de ser ouvida no dia 16 de maio, em audiência pública virtual que seria transmitida no canal do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram) no YouTube, entretanto, o encontro foi cancelado, sem previsão de nova data. A reportagem entrou em contato com o Ibram para esclarecer o motivo do cancelamento, mas ainda não obteve resposta. 

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino