Ainda em 2023, os resquícios da pandemia da covid-19 refletem uma sociedade marcada pela fome. O aumento do preço dos alimentos no Brasil tem tornado difícil manter a refeição diária na mesa.
No Nordeste, mais de sete milhões de pessoas sofrem com a fome e insegurança alimentar. Diante dessa realidade, a população se organiza para realizar a solidariedade ativa e combater a fome nas comunidades.
Uma dessas experiências fica em João Pessoa, na Paraíba, organizada por grupos diversos de voluntários ligados à igreja e militantes de movimentos populares. Foi no bairro de Mangabeira que a luta contra a fome se traduziu na ocupação da Cozinha Comunitária que estava fechada há mais de oito anos.
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Quem conta a história é Gleyson Melo, militante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD). “Antes da pandemia tínhamos a experiência do sopão. Muitas comunidades já desenvolvem o sopão solidário. E, dentre as várias doações que a gente teve da sociedade nesse momento difícil, de ONG's, movimentos, a gente teve em especial o MST que sugeriu que a gente abraçasse um projeto em receber alimentos in natura da reforma agrária e a gente deu uma contraproposta diante da realidade, porque as pessoas não tinham, muitas vezes, nem o gás pra cozinhar”, relembra.
Com a ocupação da cozinha comunitária e o fornecimento de alimentos, surge a oportunidade da cozinha voltar a funcionar para a comunidade. “A gente sugeriu que a gente pudesse se concentrar nessa experiência do sopão e que a gente chamasse isso de cozinha popular a partir da experiência que já vinha sendo desenvolvida na própria comunidade”, afirma o dirigente.
Para dar início ao funcionamento da cozinha, foi feito um levantamento das pessoas desempregadas na região e das pessoas que estavam em dificuldades se alimentar, para entender qual a real demanda a comunidade.
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Agora, a Cozinha Comunitária Restaurando Vidas funciona atendendo mais de mil famílias de quatro comunidades de João Pessoa e precisa de doações para manter as atividades, como explica Adeilda Silva, que atua na cozinha. “A cozinha comunitária é muito importante pra gente da nossa comunidade porque ela beneficia quatro comunidades. Só temos a dificuldade da despesa. Aqui, a gente faz 4 refeições [semanais] para as famílias”.
Parte da ajuda que chega nas cozinhas são os produtos cultivados em áreas de reforma agrária e também as doações de outras entidades envolvidas na ação.
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Agora, a cozinha tem funcionado também como um espaço de formação. “A partir da cozinha foram gerando a possibilidade de montarmos turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA); um grupo de mulheres e passou a pensar a questão do sabão ecológico e a partir dessa produção vender sabão pra gerar renda; se discutiu a questão de implementar, em determinados lugares, as fossas ecológicas; se discutiu a possibilidade de criar hortas comunitárias e a cozinha passou a ser o centro da organização popular da comunidade”, reforça Gleyson.
Para conhecer o trabalho da Cozinha Comunitária Restaurando Vidas e fazer doações é possível entrar em contato através do telefone (83) 9 8657 0084.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga