O corpo do ex-vereador e ex-deputado David Miranda será velado no salão do Palácio Pedro Ernesto, sede do Poder Legislativo municipal, nesta quarta-feira (10), no centro do Rio. O velório acontece das 14h às 17h. A cerimônia será aberta ao público.
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O político, que completaria 38 anos, deixa o marido, o jornalista estadunidense Gleen Greenwald, e três filhos: João, Jonathas e Marcelo. Além de amigos e familiares, diversos políticos prestaram homenagens nas redes sociais.
O ex-analista da CIA Edward Snowden ressaltou a coragem de David após as revelações de vigilância em massa do governo dos Estados Unidos, em 2013. A ex-presidenta Dilma Rousseff, alvo das espionagens reveladas por Snowden, afirmou que David partiu muito cedo e ainda tinha muito a viver e construir.
"Jamais esquecerei que quando o Reino Unido quebrou suas próprias leis para deter David como um 'terrorista' por ousar ajudar um ato de jornalismo - e ameaçou jogá-lo em uma masmorra pelo resto de sua vida -, ele nunca vacilou. Em vez disso, ele os desafiou a fazê-lo. Foi essa coragem que o libertou. Essa coragem que moveu a história adiante", escreveu Snowden.
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Nos últimos meses de internação, Gleen usava as redes sociais para comunicar o estado de saúde do marido e agradecia mensagens de apoio. "Ele morreu em plena paz, cercado por nossos filhos, familiares e amigos”, escreveu em seu perfil no Twitter.
David Miranda estava internado em estado grave desde o dia 6 de agosto do ano passado. Ele deu entrada no hospital para tratar uma infecção intestinal, após sentir dores abdominais, e teve uma série de complicações.
Meses depois, David desenvolveu um quadro de sepse (infecção generalizada) que se espalhou e começou a comprometer um órgão após o outro: pâncreas, rins, fígado e pulmões.
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Histórico de luta
David Michel dos Santos Miranda nasceu em 10 de maio de 1985, cria da favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. Ele iniciou sua trajetória política em 2016 quando foi eleito pelo PSOL como primeiro vereador abertamente LGBTQIA+ da história da Câmara Municipal, priorizando a apresentação de projetos em defesa dos direitos desta comunidade.
Miranda foi autor de leis como a que garantiu o uso do nome social por travestis e transexuais no âmbito da administração municipal, e a que determina a divulgação do Disque 100 contra o racismo, entre mais de dez normas das quais foi autor ou coautor. Em 2019, ele assumiu o mandato de deputado federal, após Jean Wyllys deixar o país.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita