Textos teatrais censurados durante o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985) serão disponibilizados para consulta online, a partir desta quinta-feira (11), pela Secretaria da Cultura (Sedac), através do Teatro de Arena e do Departamento de Acervo, localizado em Porto Alegre (RS). O lançamento do projeto será na sede do teatro, às 19h.
Após o evento, as publicações ficam disponíveis na página Acervos da Cultura RS. A Sedac informa que a coleção pode ser complementada ao longo das próximas semanas. Os materiais integram o Acervo Sonia Duro, que ficava no Teatro de Arena e foi digitalizado a partir de setembro de 2022, com o objetivo de preservar e democratizar o acesso aos registros.
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“Parte importante do trabalho da Sedac diz respeito à preservação do patrimônio cultural e da memória no Rio Grande do Sul. Com as novas ferramentas digitais, temos avançado muito no sentido de facilitar o acesso do público a documentos, imagens e materiais que permitem conhecer e valorizar nossa história, arte e cultura. No campo das artes cênicas e do teatro de resistência, o Acervo Sonia Duro é um ótimo exemplo”, afirma a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
Até o momento, foram convertidos mais de 40 mil itens, totalizando 22 gigabytes de espaço em disco. No repositório foram registrados 636 autores, os quais produziram 1.231 textos – número que pode variar, pois em alguns casos há apenas o certificado de censura, não o texto censurado.
Os autores com mais textos na coleção são: Sergio Ilha (28 textos), Carlos Carvalho e Bertold Brecht (17 textos cada).
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A coleção traz também manifestações dos censores da época, anotações dos autores ou intérpretes teatrais – permitindo reconhecer e acompanhar o processo de montagem de uma peça – e informações sobre o funcionamento da censura. O acervo reúne textos de autores consagrados e também obras de dramaturgos menos conhecidos, oferecendo uma visão mais ampla do ofício teatral no período da ditadura.
De acordo com o arquivista responsável pela digitalização do acervo, Alexandre Veiga, um dos objetivos para a próxima fase do trabalho é fornecer informações sobre os autores das peças teatrais e mais detalhes sobre os textos. “Queremos também contar com a participação da classe artística, que irá avaliar aspectos do processo de digitalização e sugerir melhorias, tornando a atividade mais colaborativa”, expõe.
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O lançamento da noite de quinta-feira contará com leitura dramatizada de um texto anteriormente censurado. "Quem roubou meu Anabela?" (1972), de Ivo Bender, será dirigido por Rodrigo Marquez e contará com a participação dos artistas Aurea Baptista, Bruno Fernandes, Lisiane Medeiros e Marcelo Ádams. A entrada é gratuita.
* Com informações da Ascom Sedac
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira