O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu à secretária de Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, apoio para buscar uma solução para a crise econômica da Argentina. Os dois tiveram um encontro bilateral em Niigata, no Japão, onde Haddad participa do G7 Financeiro, que ocorre previamente à reunião de cúpula do G7, grupo que reúne as maiores economias ocidentais.
Para o ministro, a busca de uma solução para a crise argentina é tão importante para o Brasil que esse tema é um dos principais pontos da agenda do presidente Lula no G7, dentro de uma semana. Questionado sobre o motivo de ter falado sobre o país vizinho no encontro com sua colega estadunidense, numa entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (11), Haddad respondeu:
“Em primeiro lugar, porque a Argentina é um país muito importante no mundo e, particularmente, na América do Sul. Em segundo lugar, porque a solução para a Argentina passa pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Se Brasil e Estados Unidos estiverem juntos nesse apoio, pode facilitar muito para a Argentina.”
Haddad afirmou que Yellen ficou surpresa ao ouvi-lo abordar um problema do país vizinho, mas frisou que “uma das razões pelas quais o presidente Lula vem pro G7 é para tratar desse assunto”. Para o governo brasileiro, completou Haddad, “é fundamental que esse problema seja endereçado”.
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Questionado sobre como repercutiu no encontro entre os dois as novas tratativas de comércio exterior que o Brasil tem feito, apontando inclusive para a realização de transações sem o uso do dólar, Haddad respondeu que a secretária estadunidense negou qualquer objeção à diversificação comercial do Brasil e à aproximação com a China. O ministro completou: “O que o Lula tem dito é que nas negociações bilaterais, não deveria ser necessário usar uma terceira moeda. O uso de moedas locais deveria ser mais incrementado”. Haddad diz ter defendido também, no encontro com Yellen, a ampliação da integração das Américas.
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Mercosul-Japão
No Japão, Haddad também teve encontros com representantes de empresas japonesas com filiais no Brasil. Defendeu a reforma tributária brasileira, para melhorar o ambiente de negócios e fortalecer os investimentos japoneses no Brasil, e mencionou que o acordo com Mercosul-Japão está “na ordem do dia para os empresários japoneses”.
Nesta sexta, Haddad teve reuniões com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, com ministros de finanças e com o economista estadunidense Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel de economia.
Essa a primeira vez que um ministro da Fazenda brasileiro participa de uma reunião do G7 Financeiro. A reunião de cúpula do G7, com participação do presidente Lula, será realizada nos dias 20 e 21 de maio.
Edição: Rodrigo Durão Coelho