A chefe da central de vacinação de Duque de Caxias, Cláudia Helena Acosta da Silva, afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que emprestou a sua senha ao Secretário de Governo da cidade, João Brecha. Ele usou os dados para apagar do sistema os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Cláudia foi alvo da Operação Venire, que investiga fraude do cartão de vacina do ex-presidente. Na ação, a PF fez buscas na casa de Bolsonaro e apreendeu o celular dele.
Mauro Cid, o ajudante de ordens e braço direito do ex-presidente, foi preso na operação, junto com outros assessores e aliados políticos.
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Cláudia explicou aos investigadores que foi procurada por Brecha no dia em que ele excluiu os dados do ex-presidente do sistema, mas que não fazia ideia de quem seriam os beneficiados pela ação.
Ela afirmou que o secretário não repassou os CPFs, alegando que se tratavam de "pessoas relevantes e conhecidas" e que, por isso, não "queria envolvê-la em problemas".
De acordo com informações da polícia, os dados foram inseridos no dia 21 de dezembro de 2022, mas referentes a duas aplicações realizadas nos dias 13 de agosto e 14 de outubro, no nome de Jair Bolsonaro.
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No dia 22 de dezembro, foi emitido um certificado de vacinação de dentro do Palácio do Planalto no nome do então presidente.
No dia 27 de dezembro, um login em nome de Cláudia Helana emitiu um novo certificado e, em seguida, apagou o registro do sistema com a justificativa de que houve um erro.
A PF acredita que, pela cronologia dos fatos, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ajudante de ordens, Mauro Cid, tinham ciência da fraude.
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Cláudia afirmou aos investigadores que não viu "má-fé" no pedido do secretário João Brecha na ocasião e acreditou que as exclusões seriam "idôneas". Ela ainda não se manifestou sobre o depoimento.
A Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que instaurou uma sindicância para apurar os fatos e as responsabilidades acerca das fraudes investigadas.
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Edição: Vivian Virissimo