MEMÓRIA

Filha de autor Celso Horta, Joana Horta, comparece a pré-lançamento do livro 'Tempo dos Cardos'

Obra resgata a saga do militante João Leonardo, morto pelo Estado no massacre do Molipo

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Joana Horta emocionou-se ao lembrar o pai, falecido poucos dias antes do livro ficar pronto - Corbari

Durante o Seminário Nacional de Comunicadores e Comunicadoras do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), realizado em Brasília (DF), de 10 a 12 de maio, aconteceu o pré-lançamento do livro Tempo dos Cardos: a saga de João Leonardo e o massacre do Molipo, de autoria do jornalista Celso Horta, que infelizmente faleceu antes de ver o livro publicado.

A atividade, realizada na Casa de Retiros Assunção, contou com a presença de comunicadores populares de dez estados, bem como de convidados da família do autor e lideranças da Capital Federal.

Representando o autor, esteve presente sua filha, Joana Horta, que integra o coletivo de comunicação do MPA pelo estado da Bahia, assim como o convidado José Dirceu, que conviveu e manteve laços de companheirismo com o autor e com o personagem retratado na obra.

“Fico muito satisfeita de apresentar Tempo dos Cardos neste encontro de comunicadores populares do MPA”, afirmou Joana. Conforme explicou, o personagem histórico retratado, João Leonardo, foi um militante que teve a vida ceifada pelo Estado ditatorial, por lutar pelos direitos do povo do campo.

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“Para mim não há lugar mais seguro e acolhedor para essa memória.” Pontuando que cada uma e cada um tem uma responsabilidade a cumprir frente o que foi conquistado às custas de muitos sacrifícios, fez questão de associar a luta dos militantes que enfrentaram à ditadura ao desafio do nosso tempo em defesa da democracia. “O personagem dessa história, João Leonardo, tombou, mas nós resistimos. Ele tombou, mas nós estamos aqui.” Para a comunicadora fica uma certeza: “A luta é a vida. A vida é a luta!”


José Dirceu citou nominalmente todos os militantes do Molipo, em memória do ideal de luta de tantos e tantas que tombaram na luta contra a ditadura / Foto: Corbari

José Dirceu expressou toda força do companheirismo construído com João Leonardo e Celso Horta e, através dessa evocação, fez memória nominal a todos os companheiros e companheiras integrantes do “Grupo dos 28”, ligado ao Movimento de Libertação Popular, citando aqueles que foram assassinados, os que faleceram nos períodos seguintes e também os que permanecem como memória viva de uma geração que ousou sonhar e se dispôs a lutar por democracia e socialismo. “Nós sonhamos e conseguimos. Nós vencemos a ditadura. Neste livro deixamos um pouco da memória destes que deram a vida pelo sonho de um Brasil democrático e Socialista”, afirmou.

No espaço do lançamento do livro também pronunciaram-se o historiador Mateus Moisés e o jornalista Mateus Além. Ambos ressaltaram o papel da comunicação popular - tema que pautou o encontro onde o livro teve seu pré-lançamento - como instrumento de preservação da memória e de mobilização para a construção da história.

“É tarefa dos comunicadores garantir um legado de memória e resistência, para que se possa compreender o campesinato como se apresenta hoje a partir dos seus processos históricos”, apontou Moisés. Já Mateus afirmou que “uma das coisas que o campesinato tem de mais especial é a produção de vida e hoje estamos aqui para celebrar a vida, a memória e a história de todos os lutadores e lutadoras do povo”.

O livro Tempo dos Cardos: a saga de João Leonardo e o massacre do Molipo, de autoria de Celso Horta, publicado pela editora Expressão Popular estava disponível para aquisição direta na Feira Nacional da Reforma Agrária e nos próximos dias deverá ser disponibilizado também no site da editora.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko