Pobre pode e deve comer camarão, né? Porque são as mãos do pobre que vão buscar esse camarão
Filha de São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, Nega Duda lembra da infância ao falar sobre o camarão que pescava com as mãos. A cozinheira e suas criações são a prova viva da importância que o fruto tem para a cultura alimentar afro-brasileira.
"Pobre pode comer camarão e deve comer camarão, né? Porque são as mãos do pobre que vai buscar esse camarão", afirma.
Com anos de estrada, a baiana aprendeu que do camarão nada se perde. E isso vale até para as cascas e as cabeças, que depois de secas ao sol, podem ser trituradas e virar tempero. A espécie de pó é usada dentro do caruru, no arroz, e em refogados.
Já com o camarão fresco se faz moqueca, bobó, estrogonofe, e outras iguarias. Para quem não é fã de molhos, é só saborear cozido, ao alho e óleo, ou mesmo empanado.
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"Vai no caruru, no vatapá, no acarajé, no molho do acarajé. Ele vai até no molho de pimenta do acarajé. O camarão defumado vai um pouco na massa do abará, que é aquele bolo cozido, enrolado na palha da banana. Então vai um pouco também do camarão ali dentro", destaca Nega Duda, que lista ainda mais receitas.
Existem muitos tipos de camarão. Ao longo dos territórios pesqueiros tradicionais, já foram identificadas mais de 340 espécies. Com baixíssimo teor de carboidratos, o fruto é rico em nutrientes e gorduras saudáveis, como o Ômega 3, que ajuda a controlar os níveis de colesterol no organismo.
Mas é preciso atenção: os camarões criados em cativeiro podem ter 40% a menos de Omega 3 em suas propriedades.
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"Na produção em larga escala normalmente não é a melhor alimentação, não é como aquele animal solto. Os teores de Ômega 3, por exemplo, são bem reduzidos, que é o ponto mais forte do camarão", explica a nutricionista Larissa Rodrigues.
As contraindicações são para quem tem alergias ao comer o fruto. É preciso atenção também às pessoas com problemas renais, por conta do alto índice de sódio e fósforo presentes no camarão. Outra dica importante é saber conservar o alimento
"É um alimento de fácil contaminação. Então, além de ser muito bem higienizado, tem que ser muito bem conservado, na temperatura bem fria, no freezer, e quando descongelado é no máximo dois dias para consumo na parte mais fria da geladeira. É um cuidado que a gente tem de ter. Na hora de escolher também, né? Buscar um camarão de qualidade, que não esteja contaminado", ressalta Larissa.
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"Claro que tudo vai da preparação, né? Então existem preparações que tem molhos mais gordurosos e tudo. Mas a gente está falando do camarão em si", complementa.
Edição: Daniel Lamir e Douglas Matos