O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontrou-se nesta sexta-feira (19) com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese. Foi a primeira reunião bilateral do brasileiro durante a Cúpula estendida do G7, grupo que reúne sete das dez principais economias do mundo, que acontece em Hiroshima, no Japão.
Numa conversa de meia hora, o presidente brasileiro enfatizou a importância de pensar em como promover novas relações entre capital e trabalho, inclusive para evitar a precarização gerada pelas novas tecnologias e fortalecer os sindicatos, "a exemplo do que aconteceu na reforma trabalhista da Espanha".
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O presidente brasileiro mencionou o fato de a Espanha ter garantido direitos trabalhistas aos trabalhadores de aplicativos, e declarou interesse em reduzir a instabilidade do trabalho, assim como a Austrália, segundo a CNN Brasil. Os dois líderes também discutiram sobre a abertura dos algoritmos para o trabalhador de aplicativo, para que ele tenha mais clareza sobre suas avaliações.
No início de 2022, a Espanha aprovou uma contrarreforma trabalhista, revertendo décadas de flexibilização e voltando a fortalecer o papel dos sindicatos, a importância das negociações coletivas e a priorização de contratos de trabalho sem prazo determinado. O modelo adotado pela Espanha até então serviu de exemplo para a reforma aprovada no Brasil em 2017, durante o governo de Michel Temer, que flexibilizou a legislação, reduziu o papel da negociação coletiva e facilitou as contratações temporárias, entre outros pontos.
Lula se elegeu para seu o terceiro mandato presidencial prometendo rever essa reforma, a exemplo da Espanha. Albanese, assim como o presidente brasileiro, tem origem trabalhista. Ele se filiou ao Partido Trabalhista Australiano na adolescência e lidera a agremiação desde 2019.
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"Desde 2018 não havia encontro entre nossos países", tuitou Lula. "Falamos sobre a ampliação das relações Brasil-Austrália, a Copa do Mundo de Futebol Feminino — que a Austrália vai sediar em parceria com a Nova Zelândia, em julho — e recebi o convite para visitar a Austrália. Vamos trabalhar para cada vez mais aproximarmos nossos países".
Por meio da mesma rede social, Albaneze disse que foi "maravilhoso" encontrar Lula pela primeira vez e poder saudá-lo pela presidência brasileira do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que terá início em dezembro deste ano.
Durante a reunião, Lula destacou para o premiê australiano a ressurgência do Brasil nas relações internacionais em seu terceiro mandato, juntamente com a retomada das políticas sociais e obras de infraestrutura para retomar o crescimento econômico.
O presidente também deixou claro que uma de suas prioridades é reforçar a proteção do meio ambiente e da biodiversidade. Albanese ressaltou a importância da eleição de Lula em 2022, especialmente em relação à questão ambiental.
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Brasil – Austrália
Um componente importante nas relações bilaterais é o intenso interesse de jovens brasileiros em estudar na Austrália. Segundo o último censo da Educação australiana, com dados de 2021, havia 14,6 mil alunos vindos do Brasil no país. Antes das restrições causadas pela pandemia de covid-19, esse número chegou a 27 mil pessoas, informa a assessoria do Palácio do Planalto.
Em 2022, o Brasil exportou US$ 732 milhões em produtos para a Austrália e as importações no sentido inverso somaram US$ 2,67 bilhões, um volume total de US$ 3,4 bilhões em negócios. Os principais produtos exportados pelo Brasil foram equipamentos de construção, café e celulose. O carvão dominou a pauta de importações brasileiras, com 84% do volume total.
Brasil – Japão
Na manhã deste sábado (20), noite de sexta-feira no Brasil, Lula participa do segundo encontro bilateral, com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida. Lula planeja tratar com ele de temas como a expansão dos fluxos bilaterais de comércio e investimentos, cooperação na área de descarbonização e a integração da comunidade brasileira no Japão, estimada em mais de 200 mil indivíduos. Em 2022, o comércio bilateral atingiu US$ 11,9 bilhões (R$ 59 bilhões), com superávit brasileiro de cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,45 bilhões).
Lula, que participa como convidado já que o Brasil não integra o G7, terá ao todo terá três sessões de trabalho temáticas e pelo menos sete encontros bilaterais no Japão.
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Edição: Nicolau Soares