Segundo o IBGE 70% dos alimentos que comemos são produzidos em pequenas e médias propriedades rurais
E você, gosta de bolo de chocolate? Para fazer essa delícia que todo mundo adora, a gente precisa de alguns ingredientes como ovos, leite, manteiga, açúcar, farinha, fermento e, claro, o chocolate. Mas você sabe de onde vêm esses alimentos que chegam até o nosso prato todos os dias?
No Radinho BdF desta semana, a gente foi até a Feira Nacional da Reforma Agrária, que aconteceu em São Paulo entre os dias 11 e 14 de maio, e que foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Agricultores de várias partes do país trouxeram toneladas de alimentos saudáveis de cada um dos seus estados, para serem comercializados na Feira.
E lá a gente conversou com crianças sem-terrinha e com agricultores familiares que produzem esses alimentos. E que contaram pra nós como que eles são produzidos e o que acontece até eles virarem ingredientes de um maravilhoso bolo de chocolate.
O Daniel, que tem 8 anos, é filho e neto de agricultores lá do Rio Grande do Norte e contou pra gente como que a família dele cuida das plantinhas. “A gente cava a terra, planta a semente, joga água e depois colhe.”
Mas você sabe porque bolo de chocolate tem relação com plantar sementes na terra? Primeiro, é importante saber que o chocolate é feito a partir de uma fruta chamada cacau. O cacau é uma fruta cultivada na região norte e nordeste do Brasil e que tem formato oval e uma cor que varia entre o amarelo e o vermelho.
Isso quem conta pra gente foi a Dona Zefa, agricultora familiar do estado de Rondônia que cultiva cacaueiros, as árvores que dão o cacau. Depois de colher os frutos, Dona Zefa torra as sementes e produz o seu próprio chocolate, que possui menos açúcar e é bem mais saudável do que os chocolates ultraprocessados que encontramos no mercado.
O Francisco, de 7 anos, sem-terrinha que mora no Assentamento Santana, diz que gosta de cuidar da terra “porque ela é nossa mãe e é de lá que nós tiramos os alimentos”. Lá onde o Francisco mora as famílias produzem muitos tipos de alimentos sem veneno. Para ele, “é importante produzir os alimentos, pra que a gente tenha comida saudável e boa, de qualidade, sabendo de onde ela vem”.
Reforma Agrária
O agronegócio é o modelo de produção agrícola responsável pela manutenção das grandes propriedades de terras que produzem, em sua maioria, grãos que são exportados do Brasil, como a soja e o milho. Este é um modelo de produção que utiliza veneno nas plantações e que não se preocupa em produzir alimentos que encham o prato dos brasileiros.
A Reforma Agrária é uma política pública que tem por objetivo confiscar grandes propriedades rurais que antes não produziam nada e dividir elas em lotes, distribuindo a terra aos trabalhadores sem terra.
Assim, essas pessoas que antes não tinham lugar para morar e plantar podem viver com suas famílias nesta terra, produzindo alimentos saudáveis e que saciem a fome das pessoas. Ou seja, a Reforma Agrária transforma um lugar que antes tinha só um dono e que não contribuia em nada com o nosso país, em um lugar que produz comida saudável e sem veneno.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 70% dos alimentos que comemos vêm de pequenas e médias propriedades, cooperativas, assentamentos e acampamentos da reforma agrária.
O Caetano, de 9 anos, contou que aprendeu na Feira que “as pessoas que produzem as comidas possuem pouca terra, mas mesmo assim elas conseguem plantar”. Ele disse que acha isso tudo muito importante porque as comidas produzidas não são industrializadas.
Passeando pela Feira
Os nossos amigos João Percassi e o Samuel Bueno andaram pela Feira Nacional da Reforma Agrária entrevistando alguns agricultores e expositores que estavam por lá.
Encontramos uma horta de plantas medicinais produzida pelo Acampamento Marielle Vive, que fica localizado no interior de São Paulo. Também conversamos com a Dona Ana, que é bonequeira e produz bonecos de papel machê e aramado, representando a cultura brasileira.
Durante os quatro dias, 560 toneladas de alimentos saudáveis passaram pela Feira, que contou com mais de 1700 agricultores familiares do país inteiro expondo e comercializando seus produtos naturais.
Para Catarina, de 6 anos, “a Feira tem várias comidas gostosas e tem também muita coisa do MST, que luta pelo direito das pessoas”.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 10h às 10h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
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Edição: Rodrigo Gomes
