Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz, (IFF/Fiocruz), mostrou que a pandemia de covid-19 reduziu significativamente o tempo dedicado às atividades físicas de crianças e adolescentes ao mesmo tempo em que aumentou o tempo de uso de telas, como celular, televisão e computadores.
A pesquisa intitulada “Levantamento da Adequação de Crianças e Adolescentes Brasileiros às Diretrizes do Movimento 24 Horas Antes e Durante a Pandemia da Covid-19", publicada no Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública, foi realizada com 525 crianças e adolescentes entre zero e 18 anos de diferentes regiões brasileiras, por meio de formulários digitais.
“Foi realizado um estudo transversal com pais ou responsáveis por crianças ou adolescentes de diferentes regiões do Brasil, utilizando um formulário de entrevista digital que incluía características sociodemográficas das famílias, atividade física moderada a vigorosa, tempo de tela recreativa e duração do sono antes e durante a pandemia”, pontua o estudo.
Segundo Natália Molleri, uma das pesquisadoras do IFF/Fiocruz, “a quantidade de atividade física moderada a vigorosa, tempo de tela recreativo (televisão, celular, computador, notebook ou tablet) e a duração adequada do sono têm reconhecida importância para a saúde de crianças e adolescentes, mostrando associações positivas com o desenvolvimento motor, condicionamento físico, redução da adiposidade (excesso de gordura no organismo) e melhora no condicionamento cardiometabólico".
A pesquisadora afirma que, a despeito da importância, poucos estudos avaliaram como esses fatores são adequados nas rotinas de crianças e adolescentes, que foi justamente o que este levantamento procurou fazer.
A partir dos estudos, verificou-se que a proporção de famílias que realizam essa adequação reduziu de 61,43% para 38,57% durante a pandemia. Na mesma linha, a proporção das famílias que faziam a correta adequação do tempo de tela recreativo também caiu: de 67,22% para 27,27%.
Diante dos dados, outra pesquisadora responsável pelo levantamento, Andrea Zin, afirma que mesmo antes da pandemia de covid-19 as crianças e os adolescentes já vinham se exercitando e dormindo menos, além de estarem muito tempo em frente às telas. Com as aulas remotas, esse quadro piorou. “A pergunta é: até que ponto a gente conseguiu voltar à normalidade dessas atividades?”, questiona Zin.
Na conclusão do estudo, os pesquisadores afirmam que os responsáveis pelas crianças e adolescentes, sejam as instituições escolas ou os próprios cuidadores, devem incentivar estilos de vida mais saudáveis e o desenvolvimento de hábitos relacionados à saúde e ao desempenho escolar.
Edição: Sarah Fernandes