Um grupo de sabotagem e reconhecimento das Forças Armadas da Ucrânia entrou no território do distrito de Graivoronsky, na cidade russa de Belgorod, nesta segunda-feira (22). A informação foi confirmada pelo governador da região, Vyacheslav Gladkov. Houve relatos de combates entre as forças russas e ucranianas, causando pelo menos oito feridos, mas não foram registradas mortes.
Gladkov anunciou que um regime de operação antiterrorista havia sido introduzido na região. A operação prevê medidas como a verificação de documentos de identidade dos cidadãos; controle de conversas telefônicas; restrição da circulação de veículos e pedestres nas ruas e estradas; e fiscalização na entrada e saída da região.
No começo do dia, a região de Grayvoron foi alvo de morteiros da Ucrânia por várias horas. Moradores da região de Belgorod receberam mensagens falsas sobre a evacuação da cidade de Shebekino. De acordo com Gladkov, este é um grande ataque de informações destinado a provocar pânico entre a população civil.
A inteligência militar ucraniana, por sua vez, afirma que a operação é realizada por formações compostas por cidadãos russos para criar uma "zona de segurança".
De acordo com o porta-voz do Kremlin, o Ministério da Defesa, o FSB e os guardas de fronteira relataram ao presidente Vladimir Putin sobre "uma tentativa de romper um grupo de sabotagem ucraniano na região de Belgorod". "O trabalho está em andamento para expulsá-los do território russo e destruir este grupo de sabotagem", disse ele a repórteres.
Peskov acrescentou que o objetivo da incursão do grupo de sabotagem ucraniano na região de Belgorod seria "uma tentativa de Kiev de minimizar o efeito político da perda de Bakhmut".
No último sábado, o chefe do grupo militar privado "Wagner', Yevgueny Prigozhin, que lidera as tropas russas em Bakhmut, declarou que seus homens haviam capturado a cidade após "224 dias de luta". Kiev negou que a Rússia tenha tomado o controle da região, alegando as forças ucranianas estão cercando Bakhmut.
A responsabilidade pela incursão foi reivindicada pela Legião da Liberdade da Rússia e pelo Corpo de Voluntários Russos, formações que lutam ao lado da Ucrânia. O gabinete do presidente da Ucrânia afirmou que eles não estavam diretamente relacionados aos eventos na região de Belgorod.
EUA comentam incursão em território russo
O incidente em Bakhmut nesta segunda-feira (22) repercutiu nos EUA em relação aos planos do país de fornecer caças F-16 à Ucrânia. o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, foi questionado por repórteres se esses planos seriam afetados pelas informações de que os militares ucranianos teriam usado equipamentos militares recebidos dos EUA para atacar assentamentos na região de Belgorod.
"Isso (entregas de aeronaves de combate) é uma prioridade para nós e começaremos a implementação nos próximos meses", destacou Miller.
O representante do Departamento de Estado não especificou quando exatamente as Forças Armadas da Ucrânia reberá os caças, bem como quais países participarão do fornecimento e treinamento de pilotos ucranianos.
No último sábado, o Conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos EUA, Jake Sullivan, disse que os Estados Unidos e seus aliados decidiriam nos próximos meses quem forneceria aviões de guerra para Kiev e quantos. Segundo ele, ao transferir caças F-16, os EUA não apoiarão os ataques de Kiev a alvos em território russo.
Edição: Rodrigo Durão Coelho