Extrema direita

DeSantis oficializa candidatura às primárias republicanas

Governador da Flórida conhecido por suas políticas ultradireitistas deve ser o principal oponente de Donald Trump

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Ron DeSantis ao anunciar sua candidatura nas redes sociais - Twitter de Ron DeSantis / AFP

O governador da Flórida, Ron DeSantis, apresentou oficialmente nesta quarta-feira (24/05) sua candidatura às primárias do partido republicano, ao entregar seus documentos formalmente perante a Comissão Eleitoral Federal dos EUA. Desta forma, DeSantis deve ser o principal concorrente de seu ex-mentor, o ex-presidente Donald Trump, pela vaga republicana na corrida à Casa Branca do ano que vem.

Horas depois da formalização da candidatura, Trump parabenizou DeSantis e destacou que "ele terá a plena experiência de ser atacado pelos marxistas, pelos comunistas e pelos lunáticos da esquerda radical do país".

DeSantis é o sexto político republicano a se candidatar às primárias, mas o único que de fato tem alguma chance contra Trump. O homem de 44 anos aparece em segundo lugar nas pesquisas, embora mais de 30 pontos atrás de Trump, que o ajudou a vencer a eleição para governador da Flórida.

Os outros candidatos republicados, além de Trump e DeSantis, são a ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley, o ex-governador do Arkansas Asa Hutchinson, o empresário Vivek Ramaswamy e o senador afro-americano Tim Scott. O ex-vice-presidente Mike Pence também é considerado um provável postulante, mas ainda não anunciou uma candidatura.

Após a oficialização da candidatura, cerca de uma centena de manifestantes percorreu parte da Brickell Avenue, em Miami, para expressar sua rejeição a DeSantis, a quem chama de "fascista" e "racista". Declarado inimigo das ideologias de esquerda, DeSantis, assinou uma série de medidas ultraconservadoras que foram aprovadas na última sessão do congresso estadual, de maioria republicana.

Ainda para esta quarta-feira, estava prevista uma live no Twitter com o empresário Elon Musk, que há meses o apoia publicamente como o candidato ideal para enfrentar o atual presidente, o democrata Joe Biden, que buscará a reeleição em 2024.

De aliados a rivais

Antes aliados e hoje rivais, a inimizade entre Trump e DeSantis levou a organização We the People Convention a exortar ambos a unirem forças na mesma candidatura até 2024, em vez de "destruirem-se mutuamente pelos próximos 12 meses".

Mas não há indícios de que algo assim possa acontecer por enquanto. O escritório de campanha de Trump pediu na terça-feira que DeSantis se abstivesse de concorrer às primárias "pelo bem do partido republicano e da nação".

Embora Trump seja o favorito, DeSantis tem algo a seu favor: o fato de poder ser mais elegível numa eleição geral do que o ex-presidente. Há apenas seis meses, DeSantis venceu a reeleição na Flórida com impressionantes 19 pontos percentuais de vantagem sobre o seu adversário democrata.

Ciente do potencial de DeSantis, Trump vem se concentrando nos últimos meses, quase exclusivamente, em minar o apelo político do rival.

Contudo, os ataques de Trump não são o único obstáculo para DeSantis. O governador da Flórida pode ser um "peso-pesado" político naquele estado e uma presença regular no canal conservador Fox News, mas aliados reconhecem que a maioria dos eleitores das primárias em outros estados americanos não o conhece bem.

Apesar do seu longo currículo, amigos e adversários observam que DeSantis tem dificuldades em exibir o carisma de campanha e o pensamento rápido que muitas vezes define os candidatos bem-sucedidos a nível nacional.

O político fez de tudo para evitar aparições públicas improvisadas e escrutínio da imprensa enquanto governador, o que é difícil, se não impossível, como candidato presidencial.

Os possíveis apoiantes também temem que DeSantis tenha se recusado a investir em relacionamentos com líderes partidários ou colegas eleitos, levantando questões sobre a sua capacidade de construir a coligação de que precisará para vencer Trump. Por outro lado, o ex-presidente já conseguiu um forte apoio em estados-chave, incluindo a Flórida.

Políticas de extrema direita

DeSantis impulsionou uma agenda ultraconservadora na Flórida com leis que restringem ainda mais o aborto, proíbem discutir identidade de gênero nas escolas e eliminam programas de diversidade racial em universidades públicas, além de uma futura norma de imigração que está entre as mais rígidas dos EUA.

Enquanto governador da Florida, ele enviou dezenas de imigrantes do Texas para Martha's Vineyard, na costa de Massachusetts, para chamar a atenção para o fluxo de imigrantes latino-americanos que tentam cruzar a fronteira EUA-México.

Também assinou e expandiu o projeto de lei conhecido pelos críticos como "Don't Say Gay", que proíbe a discussão em sala de aula de questões ligadas à temática LGBTQ nas escolas públicas da Flórida.

Mais recentemente, assinou uma lei que proíbe as grávidas da Flórida de abortarem após as seis semanas de gestação. Além disso, removeu um procurador eleito que prometeu não acusar pessoas sob as novas restrições ao aborto ou médicos que prestassem cuidados de afirmação de gênero.

DeSantis também assinou uma lei que permite que os residentes da Flórida tenham posse de uma arma de fogo não registrada e pressionou para a adoção de medidas que, segundo especialistas, irão enfraquecer a liberdade de imprensa.