O início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro foi adiado. Uma sessão estava prevista para esta quinta-feira (1º) para apresentação e votação do plano de trabalho, mas foi remarcada para a manhã da próxima terça-feira (6).
O anúncio foi dado pela relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). A principal razão para o adiamento, segundo a parlamentar, foi não atrapalhar a votação da Medida Provisória (MP) que reorganizou os ministérios do governo. Editado em janeiro, o texto caduca no primeiro dia de junho.
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Gama também afirmou que acrescentou modificações no plano de trabalho, já levando em conta centenas de requerimentos que foram apresentados pelos integrantes da CPMI. Mesmo sem os trabalhos iniciados, o número de pedidos já ultrapassa a marca dos 300. "Nosso plano de trabalho vai tentar se aproximar o máximo possível do sentimento da maioria da CPMI. Faremos um plano de trabalho importante, conciso e focado no objeto principal", adiantou a senadora.
Enquanto o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), originalmente havia sinalizado a possibilidade de reuniões semanais do colegiado, Gama afirmou que, diante do volume de trabalho, a ideia de dois encontros por semana seria "razoável".
Ritmo da CPI
Inicialmente resistente à instalação de uma investigação parlamentar em um momento em que tenta impor sua agenda nos trabalhos congressuais, o governo mudou sua posição após a divulgação de imagens do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, em meio a manifestantes – o que levou ao seu afastamento. Dias alega que agiu para minimizar danos.
A mudança de postura na Esplanada, por sua vez, fez com que o ímpeto oposicionista em instalar a Comissão diminuísse. Se antes o objetivo era tentar estabelecer uma narrativa de omissão por parte do Executivo empossado em janeiro de 2023, a intenção da oposição passou a ser conter danos.
A base governista, de seu lado, investiu em uma série de requerimentos, que vão de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, até Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Uma série de comandantes da Polícia Militar do Distrito Federal também devem ser convocados, além de autores das invasões já identificados e presos.
O nome de Jair Bolsonaro (PL), que realizou postagem no dia dos eventos, ainda não costa de nenhum requerimento, bem como o da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Possíveis convocações de ambos, entretanto, não são descartadas à medida que a CPMI avance.
Dias pode voltar ao epicentro da questão por supostas divergências entre relatórios produzidos por ele e documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).