A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (1º) uma operação contra um grupo suspeito de fraude em licitação e lavagem de dinheiro. A operação contou com 27 mandados de busca e apreensão e dois pedidos de prisão temporária.
Um dos alvos foi Luciano Ferreira Cavalcante, que atua na Liderança do PP na Câmara dos Deputados. Cavalcante começou a trabalhar para a agremiação quando Arthur Lira (AL) era o líder da sigla na Câmara. O assessor é visto como um dos principais integrantes do grupo de Lira que, no entanto, nega qualquer envolvimento com o caso.
O grupo sob investigação da PF é suspeito de ter fraudado licitação para compra de kits de robótica para municípios de Alagoas, utilizando recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. De acordo com a suspeita da PF, os crimes teriam ocorrido entre 2019 e 2022, por meio do superfaturamento do preço de cada kit - vendido por uma empresa que, também de acordo com a investigação, pertence a um aliado de Lira no estado. De acordo com a Controladoria-Geral da União o prejuízo auferido foi de R$ 8 milhões, montante que pode ser superior.
De acordo com a investigação, as contratações teriam sido direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, por meio da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais e de cerceamento à participação plena de outras empresas.
"Ninguém gosta de receber notícias como as que recebemos hoje. Não tenho absolutamente nada com o ocorrido", declarou o presidente da Câmara.
A empresa fornecedora é a Megalic, de propriedade de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda. O segundo é pai de um vereador de Maceió que é aliado político de Lira.
Sequência de reveses
A operação, ocorrida pela manhã, deu sequência a uma outra notícia envolvendo Lira no Judiciário. Após os últimos dias tendo destaque no noticiário político por conta da tensão com o Planalto, o presidente da Câmara voltou a ser notícia na noite de quarta-feira não só pela aprovação da Medida Provisória que reestruturou o organograma ministerial, mas também pelo retorno de uma suspeita de corrupção aos holofotes.
Na data, o ministro Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal (STF) liberou para julgamento um caso em que Lira é suspeito de corrupção passiva. O presidente da Câmara foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República
O escândalo se iniciou quando o assessor de Lira foi preso em um aeroporto portando R$ 106 mil em espécie. O assessor, que viaja custeado por verbas parlamentares, afirmou que o montante pertencia ao atual presidente da Câmara. A PGR, na época da denúncia, alegou que o dinheiro era propina em troca da manutenção de Francisco Carlos Cabalero Colombo no cargo de presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Atualmente, entretanto, a PGR afirma que não há provas suficientes contra Lira.
Edição: Thalita Pires